Não gostou? Então bico calado!

Uma coisa que mais me irrita é o fato de ter gente que falar ou escrever que odeia isso ou aquilo mas continua no nisso ou naquilo. Pra quem não entendeu, explico melhor: muita gente fala que odeia os americanos, mas bem que usa um tênis da Nike. Muita gente fala que odeia pagode, mas está lá se requebrando numa roda de samba. Vai bem por aí. A mesma coisa seria eu dizer que detesto melancia, mas bem que eu gosto de suco de melancia...
Na verdade, desde que estou aqui, ouço e leio muito críticas de pessoas que detestam aqui, detestam o "way of life" daqui, mas bem que estão aqui, trabalhando ( pra garantir as economias e picar a mula rapidinho...), sem pensar que tiraram a sorte grande e conseguiram vir pra cá, seja pra trabalhar ou pra estudar, enquanto muitos que almejam em querer vir pra cá pelos mesmos motivos citados, não conseguem seja pelo problema de visto, seja por não preencherem os requisitos necessários. E quem consegue, reclama de barriga cheia e estufada.
Que aqui tem muitas regras, o de "não pode assim ou assado", isso já vem de milênios. Imagine querer mudar algo que existe trocentos anos da noite pro dia. Já ouvi gente reclamando que:

A comida aqui é horrível!
Bom, nem todo mundo é obrigado a gostar de peixe cru ou sopa de macarrão da noite pro dia, mas se souber cozinhar ou tiver algumas lascas a mais, vai de macarronada ou McDonald's mesmo. Mas uma coisa eu digo: viver trocentos anos aqui e não ter experimentado um autêntico sushi ou sashimi, mesmo arriscando a uma bela duma disinteria depois, merece ser açoitado até sangrar. Seria o mesmo que ir pra Itália e procurar um boteco com feijoada...

Tudo aqui é caro!
Aqui reza o ditado: vive-se bem mas gasta-se bem. Se bem que se tratando em "país de primeiro mundo" como aqui, por exemplo, carne compra-se a preço de 100 gramas, maçã se compra por unidade. Mas também consegue-se encontrar muita coisa "boa-bonita-barata" e não ficar com peso no consciência por ter esbanjado, mas ficou satisfeito. As lojas de 100 ienes tem muitas opções legais e agradecem.

O povo aqui é frio!
Pra um país cujo inverno despenca neve, queriam o quê? Trocadilhos a parte, a geração mais antiga reconheço que é fria, não querem saber de mudanças, o que difere dos jovens, apesar de eles nem estarem nem aí pro barulho. Mas uma coisa não nego - dificilmente, até os jovens, casal de namorados não anda de dedos dados nem pedindo. Bom, também andar de braço dado, no meio da multidão que vive correndo nas ruas de Tóquio, pode correr o risco de cair...

O povo aqui é preconceituoso!
Pra quem paga-pau pra quem é loiro, alto de olhos claros, fica meio difícil, né?
Pra quem usa roupas e acessórios "do estrangeiro", gosta da música e filmes "do estrangeiro", gosta de lanchar um Big Mac, macarronada, pizza, feijoada, seria uma forma camuflada de que está aderindo a globalização ou por que "tenho grana, posso fazer o que eu quero"?
Que determinadas coisas a gente não consegue ter acesso porque somos "estrangeiros" e sabem que não ficaremos para sempre aqui. Exemplo, pra alugar uma casa, pedem mil-e-uma coisas, desde pagamento equivalente a três meses de aluguel adiantado até fiador pra ver se você não some sem pagar o resto (azar seu, pois os três meses que você pagou adiantado, após a devolução da chave, terás de volta!).

Aqui não tem graça!
Loja de Departamentos, algumas lojas, restaurantes, parques, enfim, tudo que muita gente que conheço costumava "varar a madrugada", aqui fecha cedo. Nove ou dez da noite, tudo pára. Exceção de internets cafe, lojas de conveniência, alguns estabelecimentos da luz vermelha e tudo que tiver um aviso "Open 24 hours"... Caramba, pra ter graça tem que varar a noite? E os templos, parques, museus, exposições na faixa... Não sabe ler o idioma ? Esta revista ajuda, a não ser que não entenda bulhufas em inglês...

Alguém aí já pensou a nossa reação quando um turista vem a nossa terrinha e falasse mal?!

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