Puxando pela memória

Estava lendo recentemente um dos meus blogs favoritos e deparei-me com o texto neste blog. Falava sobre os fatos acontecidos e o que a gente fazia naquele exato dia. Das coisas, às vezes lembro-me vagamente, mas se forçar um pouquinho daria para lembrar o que a gente estava fazendo naquele exato dia.

Tudo bem, eu não tinha nascido ainda quando o Brasil conquistou o Tri, nem meus pais pensavam em casar-se quando os Beatles conquistaram a América e houve o Golpe de 64, mas certos fatos que ocorreram permaneceram e permanecem na minha memória. Se naquele dia estava chovendo ou não, que roupa eu estava, nunca saberei dizer, mas o que estava fazendo, isso eu lembro...

O dia que o sonho acabou: Desde que comecei a assistir a TV, o que me interessava depois dos desenhos animados, eram os noticiários. Tinha acabado de jantar e eu estava deitada no sofá esperando o noticiário das oito na Rede Bandeirantes (a gente falava "canal 13"). Eis que antes do noticiário, sai na tela um fundo azul e a imagem dos Beatles atravessando a Abbey Road (naquela época não era tão fã como sou hoje) e o narrador dizendo que John Lennon tinha sido morto. E logo a seguir "depois do programa tal o especial 'O Sonho Acabou'". Isso porque naquela época contava com dez anos e tinha acabado de passar para o ginasial.

O Tetra só ficou para doze anos depois: Estava para completar doze anos e estava na 6a. série do ginasial. Naquela Copa de 1982 parecia que prometia: com Zico, Sócrates e companhia. A gente era dispensado das aulas nos dias em que a Seleção Brasileira jogava. E era aquela festança, com a família reunida na sala e assistindo aos jogos. Mas no dia em que a Seleção deixou escapar o título para o Azurra, só vi no dia seguinte o pessoal com aquela cara de enterro, a criançada queimando a figurinha do Paolo Rossi e aquela foto do menino triste na primeira página do "Estadão" me trazem às lembranças até hoje.

A Fórmula Um nunca mais foi a mesma: Até o dia primeiro de maio de 1994, domingo regado a macarronada com frango em casa, eu e meu pai costumávamos assistir a todas as provas. Ficava revoltada quando o Ayrton Senna perdia, afinal depois que ele conquistou o tri e mudou de escuderia, a temporada mal começou e tinha perdido duas provas. Ou três, agora a memória falhou. Isso porque nas vésperas da prova de San Marino, o Rubinho quase foi desta pra melhor e houve uma morte nos treinos. Nem me importei tanto e naquele dia sintonizei a TV e logo no começo a batida. Pensei que na prova seguinte o Senna estaria lá de novo, pronto pra outra, desliguei a TV e fui pra casa de uma amiga minha. Foi lá na casa dela que fiquei sabendo da morte do Senna. E depois disso nunca mais consegui assistir as corridas, porque já não tinha mais graça.

O pior terremoto depois de 1923: No dia 17 de janeiro de 1995 estava em casa. Naquela época, estava procurando emprego e tinha que me virar dando aulas em caráter excepcional pelo Estado e formulando currículos para os recém-formados. E meu primo, vizinho de casa, estava no Japão. Quando soubemos do terremoto na cidade de Kobe, minha tia entrou em desespero e tentou ligar para o meu primo, mesmo sabendo que a ligação pro exterior era (e continua) caro. Algumas horas depois ele ligou dizendo que estava tudo bem, pois onde aconteceu ficava a horas de onde ele morava. E pensar que quase quatro anos depois fui morar na província onde aconteceu, mas fui visitar a cidade onde aconteceu o hectacombe e parecia que nunca havia tido um terremoto, tamanha foi a força de vontade da população em reconstruir a cidade em tempo recorde.

O Penta foi perto de casa... Mas não conseguimos ingresso. Naquela final de Copa, no Yokohama Arena, em junho de 2002, era perto de onde morávamos, mas devido ao custo ser muito alto e meu kinguio detesta lugares apertados, com risco de passar mal e levar cotovelada, resolvemos assistir a final da Copa em casa mesmo, via TV mesmo. Estava indo tão bem, e justo no final do jogo, marido passou muito mal e acabamos por perder o resto da festa. Tivemos que assistir através do noticiário mesmo e depois ele me pergunta se perdeu alguma coisa...

A Queda das Torres: Estava no trabalho e só fiquei sabendo disso a noite, sintonizando o noticiário. Achei que fosse trêiler de algum filme-catástrofe até que vendo melhor e entendendo melhor (não temos TV a cabo, era tudo em japonês mesmo) o que eu pensei que fosse filme, era verdade. As torres da World Trade Center tinham desabado. Meu kinguio somente acreditou nisso depois de ter visto três noticiários em canais diferentes...

O Desabamento: Como aqui não tenho TV a cabo e só acesso a net a noite depois do trabalho, mal fiquei sabendo de que a Linha Amarela do metrô tinha desabado. Fiquei sabendo dias depois e tentei ligar para meu irmão - que trabalha como engenheiro eletrônico lá - mas não consegui. Consegui foi com minha mãe que disse que ele está bem e que ele não tem nada a ver com o que aconteceu. Só que pra ir na casa da família do kinguio via metrô pode contar mais alguns anos...

Comments

  1. Putz. Confesso q minha memoria nao eh la grande coisa, mas vou fazer um esforcinho.

    Atentado ao World Trade Center: Eu estava numa fabrica em Iwate-ken. Soube pelo televisor da sala de descanso na hora do intervalo. Em 10 minutos, logico q so deu pra ter uma vaga ideia do caso. So fui ter ideia da proporcao da coisa ao dar um checada na internet. Nunca vou esquecer tb da lista de "musicas proibidas" para os radialistas durante o periodo de luto. Ideia de jerico total.

    Copa do Mundo de 2002. estava no Brasil. Nao sou mto ligado em futebol, mas sempre acabo me contaminando pela euforia do meu pai, q eh fissurado no assunto. Posso nao ser isento, mas acho q ninguem esculhamba o Galvao Bueno como meu velho. hehe, ainda mais qdo ele comeca a vomitar estatisticas inuteis do jogo...

    hahahaha, otimo post. bem gostoso esse negocio de ficar relembrando essas coisas. mas acho q ja me estendi demais. beijo.

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