Todo tipo de gente

Sempre comentei nos meus textos que de casa-trabalho juntando ônibus e trem, levo cerca de uma hora e meia, dependendo do trânsito, do horário e se alguém não resolve fazer uma viagem somente de ida do lado de fora do Yamanote ou alguma outra linha. Justamente nestas viagens que faço quase que, se não sempre, diariamente, percebo os tipos de pessoas que vão-e-voltam de transporte coletivo.

Mesmo já plantada no ponto de ônibus, eu começo a perceber o tipo de pessoal que pega a mesma linha que eu pego diariamente. Isso depende do horário. Se for antes das oito da manhã, escreve embaixo: salarymen com seus ternos e pastas pretas, office ladies com terninhos preto com suas bolsas pretas, jovens donas-de-casa levando a prole pra escola, jovens estudantes de colegial com suas saias encurtadas a base de enrolar o cós e rapazes com as calças quase no meio das pernas, gente vestido normal indo pra trabalhar em alguma fábrica ou loja, que seja.

Agora, quando eu tenho que entrar ao meio-dia, entre nove e nove e meia da manhã é o pior horário pra mim. Trânsito? Acho que antes fosse. Deus-que-me-livre eu falar isso, que é até pecado, mas se envelhecer, espero nunca ficar caquética e chata como aquelas que encontro quase toda manhã. Tudo bem, podem ter tido uma vida sofrida, mas que não precise descontar nos mais novos.

Já começa pelo fato de passar na nossa frente da fila. Até aí eu levo em consideração, mas sem dizer obrigado aí a coisa muda. Coisa que eu odeio é gente mal-agradecida. Na hora de pagar, como já disse certa vez, ou é na entrada ou na saída, porém tem gente que ainda erra. E olha que eu, que nem nasci aqui, sei melhor que muita gente que nasceu e mora aqui... Na hora de sentar, elas ficam naquela disputa de senta-ou-não-senta. Depois que uma outra pessoa que não tem nada a ver com a conversa vai lá e senta, ainda ficam bravas!

Sem dizer o cheiro de naftalina. Já tenho problemas sérios com poeira e pólen nesta época do ano, imagine sentir aquele cheiro de roupa guardada no fundo do armário... Isso porque existem produtos que não soltam cheiro mas deixam as roupas conservadas. E também o péssimo gosto para roupas e acessórios... Pra não dizer que certa vez, deparei-me com uma senhora na casa dos setenta com o cabelo tingido de... azul!!! Não estou brincando, azul. Depois falam mal dos visual-kei por aí...

Mas dentro dos transportes coletivos, deparo-me diariamente com uma variedade de pessoas, não resta dúvida. Desde o mais simples, casual, de jeans e camiseta e mochilona nas costas, até o mais chique, de bolsa de marca famosa, salto alto, vestido de festa, indo ou voltando de algum evento. Mesmo sendo espremido dentro do coletivo em horário de pico.

Estou falando sério: quem pega a linha Tokaido todo santo dia como eu, encontra tudo o que é tipo de gente. Desde o salaryman empacotado no seu terno e quase sendo enforcado pela gravata, passando pelos estudantes do colegial, office-ladies com seus ternos pretos e bolsas idem, jovens com visual a la Ayumi Hamasaki ou Kumi Koda, que seja, com suas unhas postiças munidas do telefone celular e enviando e-mail, jovens senhoras com suas bolsas Louis Vuitton, Gucci e por aí vai, senhoras cheirando a laquê e naftalina... e por aí vai.

E quem achava que transporte coletivo é coisa de "baixa renda" como diria um colega meu, está muito enganado. Experimenta ir um dia no Tokaido no horário de pico ( oito da manhã ou cinco da tarde) e depois me contem.

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