Agüentando a barra com o bico calado

Desde que eu me conheço por gente, estava quase recebendo o apelido de "seven-eleven" por eu trabalhar neste horário. Leia-se que onze eram onze da noite, quando ainda na minha cidade natal, trabalhava como programadora de CPD numa empresa das sete às cinco e lecionava das sete às onze a noite. E sem reclamar, apesar de alguns protestos por parte familiar por motivos de que eu não dormia direito e pegava meia hora de estrada para lecionar.

E olha que ainda sobrava um tempinho para escrever num jornal e dar aulas de informática aos sábados.

Quando cheguei aqui há nove anos, fui direto pra fazer verificações de celulares. Serviço leve, tudo bem. Nos dias de folga eu aproveitava para conhecer a minúscula cidade e aprender a me virar sozinha. Como saber ler, tentar falar a língua dos meus antepassados e reaprender a viver, de forma mais tranqüila possível.

Leia-se: ir a livrarias e lojas de CDs. Já lia muito manga quando estava na terrinha e meu vício virou hábito. Confesso: não consigo deixar de passar em uma livraria para folhear as novidades. Ainda bem que aqui ninguém fala "vai comprar ou vai ficar ensebando".

Na mudança pra estes lados de Kanto (i.e., Kanagawa), com mala, cuia e kinguio, nova aprendizagem: como viver a dois, saber se virar em conduções como trens e ônibus e criar vergonha na cara e procurar um curso de língua japonesa, pois como Hikami, Minamiashigara tinha brasileiro a contar nos dedos. Portanto, pra pedir ajuda, quem tem boca vai à Roma, então tive que me virar com o pouco que sabia de japonês e aperfeiçoá-lo.

Mesmo tendo que encarar um serviço empoeirado das oito às oito, sexta-feira tinha carta branca para poder sair mais cedo e ir para o curso de japonês que fazia na prefeitura das seis às oito da noite, com direito a uma passada na livraria ao lado pra alimentar meu hábito de "rata de livraria". Aliás, se não fosse por isso, nunca teria encarado tirar carteira de motorista aqui. Claro que depois de três tentativas furadas, na quarta tinha que dar certo.

O maior desafio foi quando decidi largar tudo (menos o kinguio, claro!), e encarar um novo trabalho. Em Tóquio, escritório. Entrevista, testes e conversa frente a frente com a diretoria. E procurar nova casa, pois a relação distância-tempo era meio trabalhosa.

Eis que hoje, quatro anos e meio depois, ainda estou no mesmo serviço, mesma casa e mesmo kinguio. E dia-a-dia aprendendo novas coisas, mesmo tendo que levar muito tombo e engolindo muito sapo (argh!). Mas estou feliz com a vida que temos - um apertamento alugado por nossa conta (compra de casa aqui, só se depois pagar via mesa-branca, e aí?), um 525 no nosso estacionamento, nossa TV de terceira mão mas com jeito de nova bem-conservada, nossa coleção de mais de uma centena de CDs (Beatles e Masha inclusos), nosso PC simples mas que nos traz as novidades via on-line...

Ah, sim. Encaro uma hora de trem ( ou mais, se ninguém resolver ter um passeio só de ida do lado de fora do vagão) e quinze minutos (ou mais, depende do trânsito da rota um ) de ônibus todo dia e noite. E não reclamo, pois dentro da minha agnes (minha bolsa preta do dia-a-dia) carrego meu MD-Player com vários MDs (varia: Beatles, Stones e até Legião. Passando por Masha, ZARD e diversos j-singers) e um livro pra aperfeiçoar mais um pouco de língua japonesa.

E nesta semana tive que ficar ouvindo de uma fulana que mora longe pra caramba, que era bom se pudesse vir de carro (tá, eu também queria, mas eu é que não vou pagar quarenta milhas por mês fora o pedágio pra um estacionamento no centro de Tóquio!), que não agüenta... Oras, se aceitou o trabalho, é que estava ciente dos riscos que teria... Ou achavam que tudo na vida vem de bandeja???

Fortes emoções na blogsfera!

Acessando o site das três garotas geniais, eis um site que me chamou a atenção. Acessei e estou doida pra saber o final!! Quer suspense? Fortes emoções? Conhecer num site uma festa estranha com gente esquisita e muitos suspeitos com experiências nunca dantes vistas?
Eis o local ideal: "Austregésilo Foi para o Céu?

Novas emoções a cada visita.

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