Beatles, Rolling Stones e muito mais...

Enquanto muita gente prefere ir e voltar de trem ouvindo alguma música pra relaxar (e acabar perdendo a estação onde precisa descer ou fazer baldeação), eu e acredito eu, uma boa parte dos passageiros, prefere ter outro repertório de músicas. Já disse antes, muita gente ouve música através dos seus md-players, cd-players, i-pod e até celular. Pode ser que eu esteja enganada, mas acho que uma boa parte escuta música clássica (pra dormir profundamente, a ponto de eu chegar a escutar ronco, perdoem-me quem gosta, mas acho que eles escutam sim.).

Mas uma boa parte, assim da qual eu pertenço (confesso: eu não tenho um CD ou MD ou qualquer coisa que seja de música clássica), escuta rock, pop e outra seleta de música. Só que, quem me conhece e muito bem, escuto j-pop (Southern All Stars, ZARD, Hikaru Utada e outros variados, pois só Masaharu às vezes enjoa, temos que variar...). Mas muita gente que me conhece e não sabe, escuto também Beatles, Rolling Stones, Carpenters, e quando dá na louca, Legião Urbana e Paralamas do Sucesso da época que eles estavam no auge.

Sim, leram bem. Rock inglês, baladas e rock brasileiro dos anos 80. Qual o problema?

Tenho quase a discografia 62-66 dos Beatles gravados no MD pra ouvir melhor (ainda não gravei o álbum "A Hard Day's Night") na hora que bem quiser, porém, às vezes fica inevitável cantar junto com a música que ouço. Pior que tem vezes que faço isso em pleno trem lotado. Uai, existe melhor forma de esquecer que você está dentro de um trem, espremida como sardinha em lata, às oito e tanto da manhã indo pro serviço?!

Claro, ouvindo "Eight Days a Week" (quem me dera ter oito dias de folga), "Ticket to Ride", "Nowhere Man", "I'm Only Sleeping" (puxa, essa música encaixa nos dias que TENHO que acordar mais cedo que deveria e ir trabalhar!) e "Tomorrow Never Knows". Agora, ouvir "Good Day Sunshine", espremida no Tokaido (ou Shonan-Shinjuku ), me perdoa, Macca, mas não dá mesmo!



Os Quatro Bons Rapazes de Liverpool. Mas em 1966 não eram tão "rapazes" assim...

E dos Rolling Stones (sim, leram bem de novo) tenho o "The London Years" e "Forty Licks" devidamente gravados. No "The London Years", fica inacreditável que no início de carreira os cinco cantavam blues dos bons mesmo e até uma versão matadora de "I Wanna Be Your Man" dos quatro de Liverpool. Oras, temos que ter um equilíbrio musical nessas horas. Se os Beatles eram os "bons moços que qualquer mãe queria pra genro" (hahahaha), os Rolling Stones eram os "feios, sujos e malvados, que qualquer mãe queria que suas filhas estivessem presas em casa" (hahahahahahaha).

Intrigas à parte, porque na vida real os dois grupos se davam muito, mas muito bem mesmo. A ponto de um participar na música de outro (vide "Yellow Submarine", "All You Need Is Love" e "We Love You"). A lenda urbana que até hoje persiste que os dois grupos eram rivais, vem dos próprios fãs. Quando comecei a ouvir Beatles, quase não escutava os Rolling Stones por causa desta lenda besta. Só comecei a prestar mais atenção mais quando estava na faculdade e um amigo meu, hoje psicólogo, apresentou-me os Stones início de carreira. Levei um ano pra recuperar o tempo perdido, porque os caras são bons mesmo.

Claro que o grupo não é só "I Can't Get No Satisfaction". Ouçam também o humor negro de "Mother's Little Helper" (da dona-de-casa angustiada e viciada em calmantes), a alegre "She's a Rainbow" (toda vez que ouço, me lembra o comercial da Macintosh quando lançou o iMac de monitor colorido, não sei porquê), a sombria "Gimme Shelter" e as músicas de início de carreira, com as ótimas covers para "Off the Hook", "Little Red Rooster" e "Come On", direto da fonte do rock-and-roll - o blues.

Não importa se a rivalidade entre os fãs era tamanha, ou das confusões que já armaram. Pra mim, ouvir os dois maiores grupos dos anos 60 dentre os demais na minha ida e volta do trabalho já me faz bem.

Apesar que mesmo ouvindo "Let's Spend The Night Together" ou "Dizzy Miss Lizzy", já dormi no meio da viagem. O cansaço do final do expediente ou o sono perdido pela manhã, ninguém é de ferro.



"Paperback Writer", 1966. Ao vivo no Budokan, Tóquio. A música tinha acabado de ser lançada em compacto simples. "Naquela época" era uma das músicas meio difíceis de ser tocadas ao vivo.



"Nowhere Man",1965. Ao vivo no Circus Krone, Munique, Alemanha 1966. Outra das poucas músicas que os Beatles não cantavam ao vivo por ser "meio difícil de ser tocada em shows". Só o fizeram pois em 1966 estavam decididos a parar de excursionar e ficar só em estúdio mesmo.



"The Last Time", 1965. Uma das primeiras canções compostas pela dupla Mick Jagger e Keith Richards. Feita sob pressão, pois até eles mesmos estavam cansados de ficar gravando música alheia e resolveram se trancar por algumas semanas até que saísse alguma música composta por eles. Eis o resultado.



"Paint it Black", 1966. Ao vivo no programa "The Ed Sullivan Show". Dizem que foi a partir daí que tinha surgido a lenda urbana que "o que os Beatles faziam, os Rolling Stones copiavam dias depois". Tudo porque no ano anterior os Beatles tinham colocado uma cítara em uma de suas músicas - "Norwegian Wood"...



"Rain",1966. Essa música veio antecipando os "videoclipes" da MTV. A música teve a instrumentação gravada de trás pra diante, para dar o clima psicodélico na época. Gravado no Chiswick Park, com direito a uma passada nas estufas, foi o precursor dos vídeos. Notem o dente quebrado do Paul ao 00:49 do vídeo - tinha acabado de cair de moto, lascado o dente e foi gravar assim mesmo (será que foi a partir daí começaram as lendas urbanas de que Paul morreu?!).



"Jumpin' Jack Flash", 1968. No documentário "25X5 The Continuing Story of The Rolling Stones" (que eu tenho gravado em casa, via vídeo pelo programa da Rede Cultura), Mick Jagger comentou sobre o vídeo desta música: "Foi a partir daí que muita gente começou a chamar a gente de demoníacos e que tínhamos pacto com o demo". Já começava pela capa do single, que eles apareciam disfarçados com direito a Brian Jones segurando um garfo de jardinagem (e que muita gente pensou do tridente do coiso) e terminava com o vídeo com o grupo totalmente maquiado (inclusive Charlie Watts, o baterista mais sério que já vi) e Mick Jagger rebolando mais do que nunca. Se alguém pensou em "drag queen", vide então o single "Have You Seen Your Mother Baby Standing in The Shadow" e depois me respondam.



Sim, são eles mesmos - da esquerda pra direita: Brian Jones, Keith Richards, Mick Jagger e Charlie Watts. Na cadeira, Bill Wyman. Foto pra capa do single "Have You Seen Your Mother Baby (Standing in the Shadow)?"

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