Eu e os Quadrinhos

Pouca gente sabe, mas desde que me conheço por gente sempre fui leitora fiel, nem que seja de tiras de quatro quadrinhos num jornal, de histórias em quadrinhos. Parte da culpa seja do meu pai, que mensalmente trazia para nossa casa gibis da Mônica, Cebolinha (quando ainda eram da Abril), Pato Donald e Zé Carioca (quando era quinzenal, fininho e de papel de segunda) e algumas novidades. Só que a condição para ler era quando a gente tinha os deveres de casa feitos, isto é, tirar boas notas na escola.

Apesar disso, gostava muito de ler também jornais. Meu pai assinava ( e até hoje assina ) o "Estadão". Só que nos anos 70~80 quase não tinham tirinhas, por isso aos domingos me contentava e me esbaldava com o suplemento de quadrinhos que a "Folha" trazia. E olha que era coisa boa, como Peanuts (vinha como "Peanuts - Charlie Brown e sua Patota"), Hi and Lois, Recruta Zero, Hagar o Horrível e muitos outros personagens que agora fugiram da minha memória. Mas eu me divertia.


Peanuts, década de 50, por Charles M. Schulz

O tempo passa, a gente vai pro ginasial, colegial e decide que curso fazer. Mesmo gostando de ler quadrinhos diariamente, gibis e começando a descobrir o mundo das Graphic Novels (por influência do meu irmão mais velho). Mas lendo as tirinhas da Folha na biblioteca pública era o meu ritual diário depois que eu voltava do Magistério. Só pra ler as tirinhas.



Groo, o Errante, por Sergio Aragonés. Da série Graphic Novel, Abril.

Foi por aí que conheci os quadrinhos do Angeli, Glauco, Laerte, Fernando Gonzales. Humor ácido e corrosivo, mas era uma das melhores formas de se rir de tudo que a gente considerava imoral, sujo e perverso. Existia melhor forma de ridicularizar a política, a vida, os falsos morais sem ser perseguido pela censura? Humor, of course.


Luke e Tantra, por Angeli.

Mesmo estando aqui do outro lado do fuso horário, ainda tenho a chance de ler as tirinhas de muita gente antiga e de muita gente nova. O que a gente não encontra nas melhores (e piores) lojas do ramo, a gente encontra na rede. Claro, pra gente encomendar o melhor do melhor dos quadrinhos nacionais, só implorando para alguém que vá a terrinha e traga na bagagem. Como presente, claro. Mas enquanto não marco minha volta de férias, fico somente via on rede mesmo.



Níquel Nausea, de Fernando Gonzales.

Sim, porque livro nacional aqui, somente de auto-ajuda e olhe lá. Por que essas lojas não vendem algo novo, como os livros do Laerte (o último, Laertevisão, é uma bela lembrança do tempo em que éramos felizes e não sabíamos), do Glauco, do Angeli, bem como de gente nova, como Allan Sieber (colaborador na Folha com a hilária "Vida de Estagiário"), André Dahmer (da corrosiva "Malvados") e Benett (ganhador do Salão Internacional de Humor de Piracicaba em 2005).


Allan Sieber self-worker-portait.

Faria uma sugestão para as livrarias nacionais daqui investirem em vender quadrinhos. Por que não? Melhor que livro de auto-ajuda, só revista de humor. E dos bons.


Malvados, tirinha (de teor ácido e corrosivo) de André Dahmer.

Efeitos colaterais? Nunca mais vai parar de rir. Contra-indicado para pessoas de que não possuem senso de humor, acham que a vida é uma droga e que quadrinhos é só pra gente inútil.


Benett-o-matic, de Benett. Seria o cara do boné seu alter ego?!

A autora indica e recomenda!

Favor clicar em cada autor para saber o que tem dentro.

Adão Iturrusgarai
What's Pop Up, Aline, Rocky and Hudson, tudo num site só!

Allan Sieber
Vida de Estagiário, Preto no Branco, Detalhes tão Gigantes de nós Dois.

André Dahmer
Os Malvados, Escola da Vida. Humor corrosivo para pessoas ácidas.

Angeli
Um dos mestres do cartum nacional pré e pós abertura.

Benett
Poltergeists grouchianos, filosofia a la Woody Allen, e jura que o cara do boné não é seu alter ego.

Fernando Gonzales
Veterinário que uniu o útil ao agradável com Níquel Nausea e outros personagens.

Laerte
Piratas do Tietê, Gato e Gata, Overman...

Pryscila Vieira
Tá pensando que mulher não faz humor? Divirta-se com as histórias de Amely, a mulher (inflável) de verdade!

Comments