[Discoteca Básica do Empório]: Legião Urbana - Mais do Mesmo


Início dos anos 80 no Brasil. A ditadura ainda existia, embora muitos presos políticos anistiados, mas o voto direto era sonho distante. Censura então, corria solta. Criticasse a política, falasse sobre a real situação do país, mensagens subliminares então... já era motivo de ir preso era pouco.

Brasília, capital federal, foi um dos palcos de muitas bandas de rock brasileiro nos anos 80. Influenciados pela cena punk vinda do exterior (com um certo atraso), a música, letra e atitude combinavam perfeitamente para os jovens vindo da pesada mão da ditadura militar.

Um dos grupos vindo da safra "bandas de Brasília", foi o grupo Legião Urbana. Formado inicialmente em 1982 com Renato Russo, Marcelo Bonfá, Paulo Paulista e Eduardo Paraná, apresentaram-se com esta formação em Minas Gerais, mas logo depois os dois últimos integrants sairam e cederam lugar para Dado Villa-Lobos e Renato Rocha.

Logo após gravarem uma fita demo durante o show em 1983 no (famoso) Circo Voador, no Rio de Janeiro, a gravadora EMI interessou-se pelo som do grupo - que misturava entre o punk, letras de protesto e crítica e canções de amor (sem soar "brega") - e os contratou.

Por treze anos (1983 a 1996), o grupo manteve a linha entre o rock de protesto e canções sensíveis, misturando alegria e depressão, vida e morte. Muita gente que viveu os anos 80 e 90, quando o rock brasileiro teve seu auge e boas bandas que surgiram, sabe disso. Embora no final dos anos 80, quando o vocalista e compositor Renato Russo entrou em depressão (e quase se matou), as músicas do Legião tivessem ficado mais "pesadas" para o tipo de som que faziam no início, o grupo manteve (e mantém) fãs fiéis.

A discografia do grupo é pouca pelo tempo que durou, mas as músicas cujo conteúdo é o que ficam. Ficaria difícil fazer um "best of" do grupo, pois cada disco era uma fase totalmente distinta da outra. E escolher o melhor pra este artigo mensal que a autora faz, fica pior ainda (vivi essa época e sei como é), se bem que, na minha opinião, ainda fico com "As Quatro Estações" (1989).

"Mais do Mesmo", lançado em 1998, na verdade nem era para ter saído, pois os dois membros remanescentes - o guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá - não queriam. Mas acabaram cedendo sob uma condição: que ficasse apenas um ano no mercado. Mas sabe como é: empresta aqui, baixa acolá, a pirataria correu solta depois que acabou o prazo. Acabaram por deixar voltar distribuir o album novamente no mercado.

São dezesseis faixas que foram compiladas dos oito álbuns (não significa que foram duas músicas de cada), mas fica aquele gosto "faltou isso" ou "faltou aquilo", mas quando se trata de uma coletânea, nada é 100% perfeito.

Os politizados "Geração Coca-Cola", "Indios", "Que País é Este" (o verso final "o país vai ficar rico/ vamos ganhar um milhão/ quando vendermos todas as almas/ dos nossos índios no leilão" fica claro o quanto já desde aquela época estava a situação do país), "Perfeição" (um verdadeiro contraste entre as tragédias e o final de esperança); as de cunho amoroso "Será", "Ainda é Cedo", "Tempo Perdido", "Giz"; envolvendo crise emocional "Há Tempos", "Pais e Filhos" (a preferida de muitos jovens, muito embora Renato dissesse várias vezes - inclusive lembro no programa extinto "Matéria Prima" - que "não entendo como vocês gostam tanto de uma música que fala de suicídio!"); a adolescência "Dezesseis" (descreve claramente as consequências de um racha); novelinhas "Eduardo e Monica" (os opostos se atraem de uma forma muito divertida); "Faroeste Caboclo" (cento e cinquenta e quatro versos que não se repetem, com direito na época a um sonoro piiiiiii em um deles); a depressiva "Vento no Litoral"; a confessional "Meninos e Meninas" (foi quando Renato assumiu sua preferência sexual); a calmaria "Antes das Seis". Sim, faltaram "Angra dos Reis", "Metal entre as Nuvens", "Teatro dos Vampiros"...

Mesmo treze anos após sua morte, as músicas de Renato Russo ainda acabam sendo influência de muita gente. Embora não tenha sido o melhor, mas até agora não se ouvia tamanha veracidade nas letras cantadas com sentimento. Por mais que o grupo se divida entre "eu gosto" e "eu odeio".

Não estou conseguindo disponibilizar os videos, então, antes que retirem de vez, vale a pena (re)lembrar algumas músicas:


- Perfeição (do álbum "O Descobrimento do Brasil").

- Angra dos Reis (do álbum "Que País é Este - 1978/1984").

- Pais e Filhos (do álbum "As Quatro Estações").

- Faroeste Caboclo (do álbum "Que País é Este - 1978/1984").

- Eduardo e Monica (do álbum "Dois").

Comments

  1. Eu tenho esse CD!
    Gosto muito da música Eduardo e Mônica.
    Vc fez uma bela pesquisa.
    Vc vem para o Halloween?
    bj

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  2. Elisa, esse CD eu acabei gravando em MD (natsukashii!) quando eu morava em Minamiashigara via amigo meu que trabalhava comigo.
    Que é isso, tive que apelar pro wiki da vida ahahahah
    Venho sim, dia 31 estou de folga!
    Beijos!

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  3. "Há tempos" pra mim é a melhor música. Não tem uma vez que não toque essa música que não estou eu lá, cantarolando junto, super empolgada. Adoro Legião.

    Kisu!

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  4. eu tambem adoro legiao,uma das ultimas musicas q nao me cansava de ouvir deles é metal contra as nuvens,nao sei pq mais acho muito bacana a letra,
    eu e meu irmao temos quase todos os cds!
    um beijaooo.

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