Em Busca do Cafofo Desejado

Boa noite, pessoal, amigos leitores deste pobre mas limpinho sítio. Demorei um pouquinho, mas agora retornei pro lar apertado lar que fica escondido nos confins de Yokohama, depois de duas semanas (não seguidas, claro, teve dias que voltei pra casa pra ver outras coisas) em Tóquio com o namorido kinguio. E o primeiro que pensar que daqui a alguns meses a contingência vai aumentar, enganaram-se.

Como mencionei, desde início de março namorido está trabalhando em Tóquio, na área metropolitana. Só que, de nosso apertamento de Yokohama até o Distrito de Edogawa (quase indo pra província de Chiba), fizemos a prova indo de ônibus-trem-metrô, levamos quase duas horas!! Eu sei que muita gente vai dizer que "mas você faz a mesma coisa". Sim, mas no meu caso eu não preciso pegar um metrô. E a firma onde trabalho, paga o transporte, algo que onde namorido trabalha, não. Fizemos as contas e resolvemos, por enquanto, ficarmos em cidades separadas até encontrarmos um cafofo novo e rejuntar as escovas de dente. Por enquanto, algumas peças de roupas minhas estão lá pra emergência (do tipo: perder o último trem pra Yokohama quando esquece do horário após ter tomado cinco half pints da Guinness).

Bem que me disseram: nunca foi fácil encontrar um apertamento. Ainda mais quem é estrangeiro como eu e namorido kinguio, por mais que 1) tenhamos cara de japoneses e 2) tenhamos nome de japoneses, as imobiliárias acabam por colocar tanto empecilho que o indivíduo acaba desistindo.

Muitas vezes saio das imobiliárias tão injuriada que às vezes penso por que acabam por ser assim. Afinal, tirando o fato de não votar em eleições por eu não ter cidadania japonesa, o resto praticamente faço o que um nativo aqui faz: paga impostos (o meu é descontado rigorosamente todo mês do meu salário), paga contas de telefone, aluguel, imposto do carro anual, revisão bianual, paga aposentadoria, seguro-saúde, faz compras como qualquer um. O que acho fim da picada é no caso de imobiliárias, que quando meu sotaque denuncia, já vem "ah, não sei se o dono do apartamento vai aceitar estrangeiros..."

Domingo passado, tirei o dia para dar uma olhada em algumas imobiliárias. Inclusive no famoso Urban Residence, onde tenho muitos amigos (estrangeiros) que moram nos apartamentos desta rede. Uma das imobiliárias que fui em Edogawa, eu tinha gostado do prédio, do local e do preço. E dava justamente para um casal sem filhos que possui um, aham, carro. Na verdade, estava apenas pesquisando, pois a intenção de mudança é pra depois de agosto (sem piadas infames, por favor), pois ter que pagar três a quatro meses adiantado de aluguel, teremos que fechar não somente a mão.

Voltando ao episódio: na tal imobiliária, vendo os apertamentos e preços, a atendente saiu para perguntar se queria alguma coisa. Como queria somente informações, perguntei quanto sairia o apartamento x no lugar y caso fosse mudar hoje. Sabe a resposta? Nem falou que ficaria tal valor, simplesmente disse: "ah, não sei se o dono do apartamento vai aceitar estrangeiros..." A sorte dela é que eu não estava de TPM e o dia estava lindo, simplesmente agradeci e fui para outra imobiliária, porque do contrário eu já teria lançado mão de que "aceitam-se até animais de estimação (atenção, leitores, nada contra ter cães, gatos e hamsters, hein!), mas eu pago meus impostos, minhas contas, seguro saúde como todo mundo... qual o problema?"

Claro que não gritando, mas num diálogo normal. Mas que saí decepcionada, isso foi.

Soube depois, por um amigo meu, que geralmente existem imobiliárias cujo dono do apartamento a ser alugado não aceitam estrangeiros. O porquê, bem, quem já sabe daqui, nem preciso dizer para não dar mais polêmica.

Voltando a saga do cafofo perdido: noutra imobiliária, a atendente foi atenciosa. Até demais a ponto de ficar mais de uma hora comigo batendo papo, desde mostrando as fotos dos apartamentos sugeridos até queria saber se eu gosto das novelas que o Kimura atua. E estou falando sério! Com direito a chazinho... Gostei do atendimento, da sinceridade da atendente, que ela ofereceu os apartamentos que os donos aceitam inquilinos estrangeiros, mas o que matou naquela hora foi o preço pra pagar caso fechasse o contrato. Se bem que eu estava preparada mas nunca imaginei que ia ser tão caro assim. Agradeci e disse a atendente que assim que estivesse com a certeza de mudar estaria retornando. E que assistiria a próxima novela do Kimura (se meu horário der).

Na Urban Residence, a atendente também foi atenciosa, achou incrível não parecer nada de brasileira, aquelas coisas. O triste foi saber que o apertamento que eu tinha gostado só iria estar disponível pra depois de setembro, pois estavam reformando. Do resto, ela não restringiu a nada, exceto fato de que a maioria dos apartamentos dessa rede não permitirem animais de estimação. Menos mal, pois como teríamos tempo de cuidar de um (se bem que tinha cuidado de um hamster por um ano pois meu amigo foi embora e não tinha com quem deixar, eu acabei ficando com a pestinha, ops, com ela. Mas como hamster tem vida curta, sabe né?).

Claro que dicas de amigos que já passaram por essa via crucis de procurar um cafofo pra si mesmo ou pra juntar escovas de dente com seu bem querido (independente de sua opção ) ou até pra room share (estilo república de estudantes: dois ou três amigos para dividir as contas, desde que eles tenham muito algo em comum, senão dá confusão) ajudam muito. Meus amigos contavam as dores de cabeça que tiveram em procurar um lugar novo pra morar. E olha que as histórias eram sempre parecidas pelo que eu estou passando agora:

1) A maioria das imobiliárias cujos proprietários dos apartamentos a serem alugados, já nem oferecem para estrangeiros. Por mais que você tenha uma boa renda;

2) Ter que pagar de dois a três meses de garantia e agradecimentos (shikikin e reikin) logo de cara, dói o bolso até de quem sabe que vai poder bancar. O shikikin ou garantia, ainda a gente meio que engole porque é devolvido (quase) integral ao sair do apartamento. O que mata é que o reikin ou agradecimento nunca retorna. Sem falar da taxa de imobiliária que vai metade do valor do aluguel.

3) Fiador ou garantidor: a maioria hoje, tem as empresas especializadas, os hosho gaisha. Algumas cobram anualmente, outras, uma taxa mensal. Até aí, menos mal, melhor se nem precisasse de uma coisa nem outra, pois encontrar um fiador para isso, nessas horas ninguém quer sê-lo. Pra dizer a verdade, nem eu.

4) Estacionamento. Do meu trabalho, atualmente sou a única que possui carro. Quem sabe muito bem, se onde me escondo em Yokohama, o valor do estacionamento costuma ser de dez a vinte mil ienes por mês, em Tóquio, dependendo do lugar e da sorte, encontra de quinze a quarenta mil ienes. Estou falando sério. Onde pretendemos morar, em Edogawa, por menos de quinze mil, o estacionamento é de terra batida, coberto por pedriscos e quando chove vira um lamaceiro só. Mas lá, a média seria de dezesseis a dezoito mil. Bom, Tóquio, área metropolitana, sabem...

5) Tamanho. No nosso caso, queremos um de pelo menos de 45 a 50 metros quadrados. Acham grande? Moramos em um que é de 40 metros quadrados e bem, do tipo, se vier muita gente em casa pra um jantar, metade vai ter que ficar na varanda. Mas alguns que eu vi, até daria para acomodar nossas coisas e chamar alguns amigos pra jantar. Mas sabem: o valor do aluguel às vezes varia conforme o tamanho...

6) Por favor, nem muito velho, nem muito novo: pra quem sofre de alergia como eu e namorido tem sinusite, casa com "cheiro de velho", fora de cogitação, por mais que usemos aqueles produtos para eliminar o cheiro. Nem muito novo também, porque o aluguel sai caro pra danar. Se for um apartamento reformado, ainda tudo bem. Como os da Urban Residence.

Existem outras histórias de procura de apertamentos, casas, um cantinho pra morar. Por enquanto, até agosto ou setembro, ficarei em Yokohama, com idas e vindas esporádicas para Edogawa. Mas se tudo der certo, esperamos montar nosso QG até retornarmos de vez pro Brasil, o que no nosso caso, parece que vai demorar um pouco mais.

Comments

  1. Parece bem complicado pelo seu relato mas espero que tudo se resolva e vcs encontrem logo o novo lugar pra morar.

    ReplyDelete
  2. NOssa, as coisas ai são caras mesmo hein? Acho que eu fui sortuda. Região de Nagoya tb é bem mais fácil. COnsegui um Danchi de 3 dorms e estacionamento por 7 mi/mês. Do lado da estação de trem. Isso que nenhum dos dois falava sequer o japonês, mas tb danchi tinha mais estrangeiros do que qualquer outra coisa rs... É bem mais fácil. Pq vc não tenta Danchi por ai? E tb tem aquela imobiliária chamada Minimini acho que é isso, sempre alugavam pra brasileiros tranquilamente.

    Kisu!

    ReplyDelete
  3. Hum...
    Eu nunca tive problemas gdes na hora de alugar alguma coisa quando estava ai. Apesar de que ia sempre em locais onde eu já sabia que não haveria problemas em ser Gaijin!!

    E vc Sra Kikki, esqueceu de um detalhe importante na hora de falar do ratinh, ops, do hammster do Léo...o fato de que a vida dele ficou mais CURTA, devido ao fato de vc comer as maçãs e dar apenas as CASCAS so pobre bichinho que morreu de inanição.

    Good Luck ai no new apartment..ou melhor dizendo, no new apertamento...hasuahsua
    kissus

    ReplyDelete
  4. Sei como é isso. É muito difícil conseguir um bom apto. aqui no Japão. Tudo caro, difícil... Mas akirame naide. Estou torcendo por vc.

    ReplyDelete
  5. Assim como o pessoal que comentou aqui em cima, eu tambem nunca tive problemas em alugar apartamento. Mas conheco gente que teve que passar pela msm via-crucis que vc. Acho que depende mto da imobiliaria tb. Anyway, espero que os pombinhos consigam encontrar logo um novo ninho de amorrrr, rsrs ;D

    ReplyDelete
  6. Nada como voltar a rotina normal, mas quem continua meio anormal é a escriba aqui rs

    Amigos e amigas, obrigada mesmo, de coração pelas palavras de apoio. Afinal, sou brasileira e non desisto, mas nunca digo nunca, pois depende do caso...

    Desabafando, quem mora ou já morou aqui sabe como é dificil encontrar um canto pra alugar. Dependendo, colocam um monte de empecilhos. Mas a UR nunca deixou o pessoal na mão, apesar do precinho... Mas vai dar certo, pode crer!
    Beijao!

    Bah, isso porque a diferença entre uma região pra outra varia e como! Só pra ter uma ideia: em Minamiashigara, interior de Kanagawa, um apartamento 2LDK com estacionamento, pagavamos 70 mil. Agora em Yokohama, capital de Kanagawa, pode por 30 mil a mais...
    Sorte sua mesmo rs mas danchi está fora de cogitação, porque 1) não somos casados no papel e 2) se verem nosso carro...
    Ah, essa imobiliaria que voce falou, em Kanagawa me trataram "tããão bem" que nunca mais voltei, vai merecer um post futuro em breve.
    Mas como disse, eu estou indo aos poucos, pode crer!
    Beijos e força aí, mulher! Admiro é sua coragem e isso é mulher de peito (não quis dizer o fisico, viu? ahahahahah)!!!

    Leosan, aleluia, vai fazer sol a primavera toda! Hisashiburi, tu faz uma farrrrrrta, viu? Bem, a imobiliaria que a mulher começou a bater papo, servir chazinho e perguntar de novela, foi naquela rede que você me falou, lembra? Mas totemo takaaaaaaaaaaaaaaina!!!
    Quanto a hamster, eu não matei ela de fome, nao! Ela era bem tratada: ta, ela gostava da casca da maçã COM a maçã junto, nozes, aveia, trocava o cafofo dela toda semana, e até carne ela comia (leia-se: três dentadas em mim, no Leo e no Roberto)...
    Obrigada, Leo, a saga vai continuar, pode ter certeza rs

    ReplyDelete
  7. Dividindo senao a resposta fica longa...

    Alexandre, o que você e a Bah disseram é verdade: em Tokai parece que tudo é facil, mas aqui em Kanto, nossa, acho que as únicas coisas que conseguimos fácil foram o meu aparelho celular e o carro, pois até o atual apertamento foi uma peregrinação...
    ahah, boa dica, mas sei lá se funciona. Onde estou procurando fica na "parte velha" de Toquio, longe da agitação de Shinjuku, Shibuya. Se bem que a linha que vai pro apertamento provisorio do namorido sai de Shinjuku...
    Gaijin house nem passa na minha cabeça, onde vou colocar nossas coisas???
    Beijao!

    Elisa, na verdade, apartamento tem, de tudo quanto é tamanho e gosto, o dificil é aceitarem estrangeiros, não ter que pagar tanto pra entrar e ser mais ou menos novo (nao precisa ser heisei 22 mas também shouwa 22 é demais), alem do estacionamento... Minha esperança é o tal apertamento que encontrei na UR, mas estão em reformas.
    Só não entrei, vi por fora e achei de bom tamanho pra nós...
    Mas pode deixar: não abandonarei Yokohama, irei passear toda semana!
    Beijao!!!

    MaiK, realmente, depende da imobiliária mesmo. Mas, como é só pra depois de agosto (o mês mesmo), então estou vendo aos poucos. E é claro que o madame Roberto também está pesquisando junto aos colegas de trabalho.
    Mas... março e abril fica dificil mesmo, mês de mudanças, você sabe. Depois de julho-agosto, who knows?
    Beijos!

    ReplyDelete

Post a Comment