O Non-Sense do Politicamente Incorreto

Da esquerda pra direita: Eric Idle, Graham Chapman, Michael Palin, John Cleese, Terry Jones e Terry Gilliam - o sexteto genial que quase acabou com a Inglaterra de tanto rir.

Ser atacado por velhinhas delinquentes, aprender defesa pessoal usando frutas, tentar comprar queijo num loja de queijos que não tem queijos, tentar ser convencido que o papagaio morto apenas está dormindo, essas são uma pequena amostra do que o sexteto britânico Monty Python aprontou em suas esquetes no final dos anos 60 para início dos anos 70.

Tá, eu sei, na trupe tinha um americano, mas isso não importava, afinal, o mote do sexteto era diversão, piadas de humor ácido, humor negro, paródias, e o mais legal - o non sense. Pra entender as piadas do grupo nem precisava queimar pestanas e matar o tico e o teco para isso. Só de ver as cenas, já era de chorar de rir.

Uma das piadas que muita gente nunca ouviu em mesa de bar, em festas de família, era a esquete do Papagaio Morto ("The Skecht Parrot" ou "The Dead Parrot"), muito visto no iuchubi da vida. Pra quem não sabe, um consumidor danado da vida (John Cleese) vai a um pet shop reclamar ao balconista (Michael Palin) que lhe vendeu um papagaio... morto! Daí para ser convencido pelo balconista que o papagaio (tá, era uma arara azul empalhada, mas não vem ao caso) estava apenas descansando, sai uma saraivada de cenas hilariantes.

Outra que os mais chatos radicais vão falar que é maldade ao cubo é "Auto Defesa Pessoal Usando Frutas Frescas" ("Self Defense Using Fresh Fruits"), em que o instrutor ensina aos alunos de como se defender de meliantes que usam frutas de uma forma nada ortodoxa!

Sabiam que a palavra "spam", usada para designar aqueles e-mails indesejáveis, tais como correntes de orações, como todo mundo recebe, veio de uma esquete do grupo?

O sexteto era formado por cinco britânicos (Graham Chapman, John Cleese, Terry Jones, Eric Idle e Michael Palin) e um americano-que-tornou-se-britânico Terry Gilliam. O nome do grupo de humoristas, Monty Python, vem de Lorde Montgomery, lendário militar da 2a. Guerra e o "python", bem, eles queriam algo que não era pra fazer sentido mesmo. Durante o final dos anos 60 pra metade dos anos 70 eles aterrorizavam e matavam o pessoal da BBC (a grande estatal televisiva inglesa) com suas esquetes. Quem puder assistir a qualquer uma das esquetes que fizeram na série "Monty Python Flying Circus", vale muito a pena.

E acham que eles ficaram somente na TV? Apesar de terem feito bons filmes, o melhor mesmo é o surreal "Monty Python em Busca do Cálice Sagrado". Além da sátira da saga do Rei Arthur e seus cavaleiros da Távola Redonda em busca do Santo Graal, existem cenas antológicas, como o Cavaleiro Negro, os Cavaleiros que Dizem Ni e o coelho assassino. Sem falar também o uso de côcos (sim, a fruta!) para simular a cavalgada, já que eles não tinham cavalos.

O humor negro e caústico da trupe não parava por aí. Graham Chapman tinha revelado em uma entrevista sobre sua opção sexual e os outros membros sabiam e davam apoio. Teve uma senhora sem senso de humor algum que enviou uma carta para a produção do programa com vinte páginas de orações junto para que "expurgasse o mal que havia no grupo, e que sentia-se decepcionada pelo fato de ter um homossexual", aquelas coisas todas, maaaaas não soube dizer quem era. Eis que Eric Idle enviou a carta resposta para a tal mulher dizendo "pode ficar tranquila que a gente descobriu e o matamos". Na última temporada do "Flying Circus", Cleese teve que pedir afastamento, fazendo a mulher acreditar que eles levaram a sério mesmo na carta resposta.

A trupe acabou mesmo em 1989 devido ao falecimento de um deles - Graham Chapman, que no filme citado, fazia o Rei Arthur. A trupe não foi ao funeral, em respeito a privacidade da família do falecido amigo, para que a mídia não fosse fazer aquele circo devido a reunião, mas resolveram fazer um memorial junto a família de Chapman, com um discurso daqueles, que John Cleese fez na cerimônia, incluindo todas as metáforas utilizadas sobre a morte na esquete do papagaio, era obvio que mesmo na tristeza, eles nunca perderiam o bom humor. Na verdade, Cleese ia fazer um discurso sério, mas achou melhor fazer de uma forma humorada, pois "Graham nunca iria me perdoar" sob consenso geral da familia e do restante do grupo.

Muito embora os cinco remanescentes trabalham em projetos paralelos, a temporada completa de "Flying Circus" continua a venda ou nas locadoras, bem como os filmes que fizeram enquanto grupo. Não é exagero de ninguém [que já viu, ouviu e riu do grupo], mas "Monty Python em Busca do Cálice Sagrado" é hilariante.

Se alguém vier com "conhece a última do papagaio", pergunte a ele se é do papagaio morto. Se a resposta for positiva, sinal que ele conhece o Monty Python. Caso contrário, bem, faça-o assistir ao vídeo da esquete do papagaio e de quebra também as demais. Caso mais extremo, o filme inteirinho do Cálice Sagrado, pois não ter senso de humor (inteligente) é de matar qualquer um.

Quem influenciou o grupo Monty Python, foram os Beatles, tanto que o grupo chegou a pedir ajuda a George Harrison para financiar dois dos mais conhecidos filmes deles - "O Sentido da Vida" e "A Vida de Brian" - porque ninguém queria arriscar. Mas isso antes, Harrison chegou a fazer uma ponta no filme-paródia "All You Need Is Cash", como o repórter que escarafunchava a vida do grupo (ficticio) The Rutles.

O finado programa "TV Pirata" (um clássico da tevê brasileira, ô, saudades! ) seria um dos herdeiros direto do humor de Monty Python. Esquetes, paródias e non sense poderiam vir de onde? Uma pena que o programa acabou, pois foi um dos poucos programas que a Venus Platinada conseguiu ter do melhor.


Quem quiser ver os vídeos das esquetes mencionadas e mais um pouco, o grupo mantém um site onde tem tudo sobre eles mesmos - o Pythonline, o qual os membros remanescentes já fizeram a conta no iuchubi para que todo mundo possa ver sem temer que vão tirar do ar.

Comments

  1. Nunca tinha ouvido falar nesse grupo. É bom que aprendi algo aqui hoje! rsrsrs..

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  2. Nunca tinha ouvido falar nesse grupo. É bom que aprendi algo aqui hoje! rsrsrs..

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  3. Felipe, pra quem assistiu "A Vida de Brian" e as esquetes do Spam e Silly Walking, está de bom tamanho rs.
    A do Papagaio Morto é a mais conhecida deles. Tanto que as metáforas sobre a morte, John Cleese (que faz o consumidor indignado)falou no discurso do memorial de Graham Chapman. O das frutas chama-se "Self Defense Using Fresh Fruits" ahahah
    Abração!

    Alexandre, sobre o Graham Chapman, ele sofreu por um bom tempo de alcoolismo, tanto que no filme "Em busca do Calice Sagrado" ele ficou numa abstinência tão grande que ele nao conseguia se concentrar nas falas. Quando se curou, na época de "A Vida de Brian", ele voltou a exercer a profissao de medico. Sobre seu homossexualismo, era discreto e adotou um filho, mas infelizmente este veio a falecer tres anos depois da morte dele.

    Hoje é dificil ver um humor igual a do Monty Python hoje em dia. Se houver, virao os politicamente chatos encher linguiça. =(

    Desabafando, humor inteligente eram com eles. Veja as esquetes que eu falei no texto tambem. Pode ter alguns que beira o humor negro, mas rir é o melhor remédio!

    Beijos e abraços a todos!

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  4. Será que dá pra usar uma das dicas deles pra evitar brigas no trânsito? rs

    Kisu!

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