A Criança que Existe Dentro de Nós

Atrasada, como sempre, para postar alguma coisa, e desta vez foi relapso de minha parte mesmo. Ponto.

Dia 12 de Outubro, no Brasil, além de ter sido o dia de Nossa Senhora Aparecida (quase todo santo ano meus pais e meu irmão mais velho vão até a Basílica, mas este ano devido a fatores chamados um leve resfriado + perigo de chuva + pai com pouca paciência de dirigir no feriadão...), também foi o dia das Crianças. Assim como uma boa parte dos leitores (corajosos) que eu sei que não têm filhos, assim como a autora lesada aqui, vou relembrar os bons momentos da infância. E que ainda existem algumas coisas que eu acabo voltando a ser uma. Oras, quem não tem seu lado infantil?

Pra dizer a verdade, eu tive uma infância muito boa, típica de moradora do interior paulista, que podíamos brincar na rua e voltar pra casa com as pernas todas raladas (é, pra ver como eu era destrambelhada desde antes) de tanto correr, levar cada tombo de bicicleta, pular corda, amarelinha... Comer doces e nem se preocupar em engordar... Assistir desenho animado, ler gibis...

Sim, eu assisto até hoje desenhos animados, e daí que tenho quarenta anos? Mas tem que ser desenhos antigos, aqueles que o pessoal da minha faixa etária ou mais ou menos quase lá assistiram, assistem e fazem questão de rir até doer a barriga, como os desenhos da Disney, do Hanna-Barbera, do Looney Tunes e outros "quanto mais toscos melhor". Até mesmo as Meninas Superpoderosas, o Laboratório de Dexter, Bob Esponja e Simpsons vêm no pacote. Se falarem pra mim "e os animes?", vou confessar: os atuais eu não tenho paciência pra assistir, exceto os antigos, Chibi Maruko-chan e Sazae-san. Desenho animado é pra divertir e descontrair, qual o problema?
Chibi Maruko-chan (A Pequena Maruko), desenho animado que passa aos domingos, seis da tarde, baseado na infância da autora Sakura Momoko, no interior de Shizuoka, com histórias vistas pelas crianças.

Devoro gibis e mangás água com açucar da mesma forma que uma barra de chocolate: Meus dois vícios desde que aprendi a ler (segundo mamãe, comecei a identificar certas palavras com quatro anos), na casa dos meus pais ainda devem estar aquela caixona abarrotada de gibis da Turma da Mônica, da Disney e outros menos cotados, mas meu pai comprava com a desculpa que era pros filhos (porque na verdade ele lia os da Disney). Foi uma das formas mais saudáveis que tive para aprender a ler antes de entrar na escola, do tempo que o politicamente incorreto nem existia e éramos felizes e não sabíamos. Hoje, se deixarem uma pilha de gibis ao lado da minha cama, eu leio todos e com direito a repeteco. Quanto aos mangás, o primeiro que veio em casa foi um exemplar velho pra caramba (1964-1965) do "Shonen Mangá", que foi alguém de meus parentes que trouxe do Japão, acho. Tinha uns doze anos e comecei a aprender - com a ajuda de dicionário - a alguns caracteres japoneses. Só que "Shonen Manga" sabe como é: direcionado a meninos... Foi a primeira vez que conheci algumas obras de Osamu Tezuka e Fujiko Fujio. Detalhe: as histórias deles não eram "Tetsuwan Atomu" nem "Doraemon", mas "Magma Taishi" e "Kaibutsu-kun". Quanto ao chocolate...
Revista Mônica número 1 - da Editora Abril - hoje uma raridade para muitos leitores.

Formiga-mor: Eu adoro doces apesar de eu tomar café, chá e leite sem açucar. Mas nunca resisto aqueles doces de festa (leia-se brigadeiros, beijinhos de coco, balas embaladas naqueles papéis que viravam pompons depois...), confeitos de chocolate (o Confeti, lembram? Pra mim, melhor que os M&M, mas encontrei um genérico aqui, da Meiji Seiyaku que é semelhante) e ainda tenho a coragem de ficar comendo por cor (sabendo que por dentro é tudo igual), biscoito Passatempo (que infelizmente devido a um componente no produto, esse biscoito não pode entrar aqui no Japão. O jeito foi ter trazido um bom estoque na mala quando voltei de férias pra consumo próprio e esperar alguma boa alma caridosa que traga na mala ou mande por correio), e até aquele creme de amendoim da Campineira que muita gente conhece como a "Paçoca Amor". Aquela genérica Paçoquita pra mim serve pra ao menos acalmar a Catarina.
Detalhe: eu ainda como aqueles biscoitos recheados naquele ritual tosco: divido o biscoito em dois e como primeiro o sem recheio e depois o com recheio.

Detalhe 2: o mais surpreendente nisso tudo é que muitas vezes fiz e faço na frente dos meus colegas e/ou enquanto estou no meio do trabalho, concentrada no projeto. Como ninguém fica horrorizado(a), cheguei a conclusão que o pessoal faz a mesma coisa.

Alguns de meus acessórios são de desenho animado ou infantis: Quem me conhece, sabe: um de meus personagens favoritos é Peanuts ( Snoopy, Charlie Brown e seus amigos). Tamanho favoritismo aumentou logo que cheguei aqui, pois encontrar alguma coisa do Snoopy era fácil (e menos caro, vamos dizer). Digamos que começou com um pijama e hoje tenho camisetas, canecas, office appliances (na minha mesa de trabalho meu porta canetas, post-its, até o mouse pad são do simpático beagle) e, claro, o boneco de pelúcia... Pensaram na Hello Kitty? Acreditem, eu tenho muito pouco, mas já tive minha fase de ter agendas da gatinha (atualmente, um de meus pijamas é da Hello Kitty). Uai, pelo menos o ambiente do trabalho fica um pouco mais alegre, por favor...


Ilustrações: via seogugol. A pintura que abre o artigo de hoje é da artista plástica Chihiro Iwasaki (atenção: não tenho parentesco com ela, infelizmente), que trouxe a delicadeza e a inocência das crianças em suas pinturas.

Comments

  1. Tem muitos anos que não leio gibis mas passei a infância toda lendo turma da Mônica e colecionando..rsrsrs...adorava, se alguém me desse dinheiro eu gastava na banca de jornais! Ficava horas e horas lendo e relendo. E tb sou formiga...amoooo doces! E coisas infantis. Agora quanto ao jeito de comer...o que importa é ser feliz...se formos nos importar com os outros deixamos de lado coisas tão simples e prazerosas não? rsrsrs...

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  2. Acredite se quiser.Comecei a ler manga, quando tinha 12-13 anos e os primeiros foram os hentais!

    Eu gostava pq se passava ,em geral, nas escolas e os personagens eram adolecentes ou adultos jovens.

    Interessante.Parece que é comum no Japão adultos assistiram desenho ou anime.

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  3. Kiyomi
    Faço parte dessa geração que você citou.....
    Saudades de tudo!!!!
    Até gosto de entrar naqueles blogs e sites que tem fotos de brinquedos, guloseimas, desenhos, etc..dos anos 80.
    Gosto de ver e comentar com os meus filhos...
    Esses dias, comprei aquele doce feito com batata doce no formato de coração...e falei que era um dos meus preferidos.
    kkkk...também tenho um pijama da Hello kitty.
    Adorei vir aqui relembrar dessa epoca gostosa que passei.
    beijos

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  4. Nunca entendi pq não existia passatempo no Jp.. sempre tive que contrabandear rs... mas bom saber disso... rs... infância no sítio é a melhor coisa... pudera eu poder proporcionar isso um dia... quem sabe?

    Kisu!

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  5. Desabafando, existem coisas da nossa infancia que por mais que estejamos na fase adulta, a gente nunca vai esquecer. So meio que deixei de ler gibis da Monica porque aqui é meio dificil de encontrar (e quanto encontra, é MUITO caro). Mas o importante mesmo é ser feliz, mesmo com as coisas simples mas prazerosas da vida, como voce disse!
    Beijao!

    Anonimo, aqui mangá tem para todas as faixas etarias, todas as classes: desde o menino na pre escola, até aquela simpatica velhinha do outro lado da rua...

    Fabiana, tem razao: aquele doce de batata doce em formato de coração e os dadinhos Dizioli que pra encontrar teve gente que revirou Sao Paulo de cabeça pra baixo pra encontrar! Sinto saudades dos doces, dos brinquedos, de tudo que passamos nos anos 70-80, talvez a fase mais legal que tivemos!
    Beijao!

    Bah, eu tambem nao sabia sobre o Passatempo até que o Leosan falou pra mim sobre isso. Agora vou ter que ver se meus pais conseguem mandar via correio pra mim, mas acho que vai ser um pedido meio estranho hahahaha Ou esperar meu irmao mais velho vir passear aqui ano que vem (se tudo der certo...)
    Ah sim - pousar no sitio era tudo de bom! Tambem passava as férias no sitio no confins do interior paulista, o que comi de ponkan nao está escrito hahaha
    Beijao tambem!

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