No Mundo da Fantasia (Os Pinóquios da Vida Real)


Um dia destes, conversando com alguns colegas do meu antigo trabalho e entre uma garfada e um gole de bebida [qualquer uma de sua preferência...] abordamos sobre um assunto de pseudolalia.

Calma que eu chego lá.

Sabe aquele tipo de pessoa que fala de tanta coisa que a gente pensa "será que é verdade mesmo?" e no final não era nada disso? E o pior: a gente acreditou?! Pseudolalia, segundo a página da Wikipedia, seria:


Pseudolalia - Doença da mentira A Pseudolalia é uma mentira compulsiva resultante dum longo vício de mentir. A pessoa mente por mentir, perde a noção do que é verdade ou não, convence-se das mentiras como puras verdades.
A pseudolalia pode conduzir a graves distúrbios de personalidade, podendo o pseudolálico acabar por perder a sua individuação e viver num real criado imaginariamente, comportando-se duma forma difícil de contacto humano e só com tratamentos profundos poderá melhorar.
As pessoas perdem lenta e gradualmente a consciência da gravidade da doença que vão adquirindo, porque a sua realidade vai perdendo cada vez mais sintonia com o verdadeiro real. Por fim o vício de mentir é um acto inconsciente e perante a mais simples situação a fuga à verdade brota espontânea e como uma repetição compulsiva e criação de verdades inexistentes.

Bem, "pseudo" todo mundo sabe, eu acho, significa "falso". Quando abordamos o assunto, foi devido a uma pessoa conhecida nossa, que de uma hora pra outra deixou de nos manter contato, não respondendo os e-mails, deletando todas as contas de redes sociais. Chegamos à uma triste conclusão que essa pessoa deve sofrer violentamente de pseudolalia, pois quando estava conosco ou com outros amigos nossos, contava mil histórias, e no final essa pessoa acaba caindo na sua própria mentira. Só que a culpa também foi nossa, porque deveríamos tê-la orientado sobre muitos aspectos, principalmente no que viria pela frente, pois, obviamente a vida nunca foi fácil. E vivendo num mundo de fantasia, a pessoa sofre muitas vezes mais.

Achava muito estranho essa pessoa falar do bem querido, falar mil maravilhas da pessoa, que essa pessoa dava presentes de alta categoria.... mas nunca apresentou o dito cujo para ninguém! Falava que essa pessoa chegou a dar um carro de presente, mas nunca apareceu com ele (não no quesito de fazer presença, mas muitas vezes poderia ser por necessidade, mas ele sempre vivia falando desse dito carro pra mim. Tá, eu também tenho um carro, mas levei meses para falar que eu tinha um carro assim e assado e algum tempo para vir com o dito cujo num dia que precisei vir para buscar uma encomenda que não dava pra enviar por correio).Muitas vezes essa pessoa criava situações e fatos que no final caíam tanto em contradições que a gente ficava na dúvida se era verdade ou mentira ou era fruto de sua imaginação. Frustração? Insegurança? Ou necessidade de chamar a atenção?

No fundo sinto pena dessas pessoas.

Na verdade, eu não deveria.

Gostaria de poder entender porque existem pessoas que fantasiam para chamar a atenção de um grupo. Bem, se eu chamo a atenção, é devido pelo que sou: falo pelos cotovelos (gosto de conversar, não de "fazer farol"), adoro doramas e tenho um certo gosto duvidoso para músicas, segundo outros, mas isso é outra história. Mas sou realista. Talvez até demais. Existiam certas atitudes dessa pessoa em questão que me desagradavam e muito. Bem provável que a pessoa me mandasse ir plantar abacaxis no Monte Fuji, mas muitas vezes entrava em conflito. Por causa da fantasia que fazia. Das coisas que falava e não tinha sentido.

Vivia de aparências?

Vivia e eu percebia isso. Quem me conhece, sabe que eu pra comprar isso ou aquilo, apelo pra liquidações, finais de expediente e point cards. Uma boa parte de minhas roupas, sapatos, acessórios, comprei em liquidações e lojas de fast fashion, baratas, mas de excelente qualidade. "De marca" poderia ter, mas uma peça ou outra que infelizmente calhou de ficar bem em mim e comprei no preço original... Tem gente que pode estar com a corda no pescoço, mas faz questão de ir comer em lugares caros, comprar do bom e do melhor (tá, quem não quer, mas como a situação anda num ritmo claudicante...) e esquecer do futuro. Nunca critiquei, quem sou eu pra isso, mas essa pessoa me criticava até a tintura que eu uso pras minhas madeixas!!

Muitas vezes eu tinha vontade de dizer "pra que mentir tanto?" Se a pessoa tem alguma frustração, teria que batalhar para superar e não camuflar. Ou procurar ajuda. O difícil era a pessoa aceitar que precisa de ajuda sendo que precisaria mesmo. Atualmente, desconheço o paradeiro da pessoa, não importa de sexo ou opção essa pessoa seja, mas independente do que fosse, pedir ajuda para sair das mentiras, ninguém iria retirar a mão, isso é uma verdade, mas no momento em que recusa a ajuda por mais que esteja até o pescoço atolado nisso tudo, nem saberia dizer se teria salvação.

Comments

  1. Oi querida,

    Bem complicado isso. As pessoas assim vivem na miséria interna. Um sofrimento que não tem explicação. É lamentável, mas temos que pensar que isso tb é uma doença, portanto, as próprias não têm o controle da situação.

    Kisu!

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  2. Oi, Bah! Hisashiburi!!

    O problema exposto é difícil de ser lidado e explicado e se a própria pessoa não quer ajuda porque acaba piorando a situação, a gente não pode fazer nada. O triste é saber que a pessoa sofre bem como as demais que convivem.
    Nisso que eu penso: será frustração por não ter tido alguma coisa ou por ser diferente das demais? Realmente, um sofrimento complexo de ser explicado.

    Beijao!!!

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  3. Caraca, parece que esse post descreveu o meu sogro! O cara não m**** no c* pra cagar e ainda queria comer no restaurante japonês mais caro do RJ. Desfilava de carrão mas nem pagava a escola do filho mais novo.
    Fora que ele era responsável por pagar as parcelas do financiamento do apê da minha sogra, onde mora ainda uma das filhas dele (isso foi acordo na época em que eles se separaram).
    Só que um dia ele resolveu não pagar mais e a minha sogra teve que vender o apê pra quitar as dívidas.
    A família não quer vê-lo nem pintado de ouro...

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  4. Olá Kiyomi,
    Já conheci diversas pessoas que se encaixam neste perfil...E fica difícil falar alguma coisa pois eles criam um mundo paralelo onde eles sempre tem mais do que os outros.

    Eu mesmo me afastei dessas pessoas pois é difícil manter um diálogo bom e natural já que qualquer coisa é pretexto para eles soltarem que que tem isso, aquilo...que já viajaram para tal lugar, que já comeram uma iguaria caríssima...e por aí vai...

    Uma pergunta: essa conhecida era nihonjin? Ou esse é um mal que "afeta" só os brasileiros?

    Abs,
    Carlos

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  5. Aw estava com preguiça de escrever novamente, pois foi nesse post que o Blogger sumiu com meu cometário hahahahaha.

    Mas enfim, eu não consigo ver o lado de quem tem essa doença. Mas eu convivo com 2 pessoas que tem Pseudolalia. Pra mim é difícil aguentar mais do que 10 minutos ouvindo elas falarem.

    Eu sei, Deus, dai-me paciência.

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  6. Kiyomi, há casos de doença mesmo e tem que tratar. A coisa começa com frustrações e mais frustrações e uma vida sem significado, sem luz no fim do túnel... é muito triste.
    A internet propicia esses aspectos também porque pode se escrever o que quiser.

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