[Roteiro Gastronômico] Tentando variar...

Quase toda vez que vou para Tóquio (seja pra ir nos eventos de doujinshi, seja pra encontrar azamigas), fico naquele dilema "o quê e onde vou almoçar/jantar/petiscar/que seja". Se estou sozinha, normalmente acabo indo em alguma cafeteria ou fast food que encontrar.



Mas quando se está com mais pessoas (ok, às vezes eu e namorido, às vezes eu e a Gesiane), temos que entrar num acordo, ou seja, as lombrigas entrarem em acordo e ir num lugar onde dê certo para ambos. Porque nem todos gostam de peixe nem de carne, por exemplo.

Alguns lugares diferentes que frequentei e fiquei naquela "por que não fui antes?"

Kobe Motomachi Doria

Doria de frango com brócolis e creme de queijo gorngozola. Acompanhado de yuzu cha.
Eu já tinha visto esse restaurante nas (muitas) vezes que fui no Tokyo Dome. O dia que eu e a Gesiane tínhamos exame de nivelamento no curso de língua japonesa no Joshi University, resolvemos dar uma parada pra almoçar. Ela já tinha ido com seus colegas de curso, ainda mais que fica perto de onde ela estava estudando, então resolvi experimentar.

O restaurante fica no segundo andar do Tokyo Dome City, um lugar onde ficam várias lojas, lanchonetes e restaurantes. O restaurante não é espaçoso, portanto, se resolver ir almoçar nos finais de semana e nos dias que tem shows, vai esperar na fila.



Doria (ドリア) é um prato feito de arroz com carne ou frutos do mar com legumes, coberto com molho bechamel, queijo e assado no forno. Assemelha-se ao risoto. Detalhe: o prato foi criado em Yokohama, nos anos 30, pelo cozinheiro suiço Saly Weil, como forma de adaptar alguns pratos japoneses à culinária ocidental.

Os doria mais comuns seriam com molho branco e molho de tomate com carne moída, o chamado Meat Doria, ou com camarão. Mas se vai em um restaurante onde a especialidade é somente doria, você consegue encontrar diversas variedades e ingredientes.

Normalmente, o doria é servido no refratário próprio, do tipo - saiu do forno pronto pra comer. Pelo menos em alguns restaurantes que vi. Mas no Kobe Motomachi Doria, o prato vem servido como se fosse um foundue - com direito a fogareiro e tudo. Sem risco da comida esfriar.

O que eu pedi, foi o Doria de Frango com Brócolis com Creme de queijo Gorgonzola. Achei que ia ser muito forte por causa do queijo, mas até que estava bem suave, nada enjoativo.


O chá de yuzu (um tipo de limão que tem aqui) é feito com as cascas cristalizadas da fruta. Lembrei daqueles doces caseiros que minhas vizinhas no Brasil faziam com laranja e melão. E alem de docinho, é refrescante.

O lado bom: dá uma boa sustância, tanto que nós passamos a tarde toda sem pensar em comida, muito menos no Starbucks do final da tarde que a gente costuma fazer uma parada depois de andar muito.

O lado ruim: esse restaurante não tem muitas lojas pelo menos na região de Kanto.

Site aqui, em japonês.

Fiza Brazilian and World Cuisine

Descobri esse bistro quando fui no distrito de Ota, Tóquio, numa demonstração de volei de praia. E lembrei desse evento no FB, quando a Joyce havia comentado que iria ter barraquinhas de comida e produtos de outras nacionalidades. Inclusive brasileira. Ok, eu sei que nesses eventos eu deveria experimentar outras culinárias, mas fui direto na feijoada. Não que eu não saiba fazer (já tentei uma vez, pelo menos ninguém reclamou), mas...

Daí entregaram um panfleto de um dos restaurantes que estava representando o evento (a feijoada era de um lugar e as bebidas e doces de outro, mas estavam juntos pelo mesmo propósito, que era divulgar a culinária do seu país). Guardei, porque um dia vai que eu resolva ir...

Um dia desses que eu estava de folga, resolvi chamar uma amiga pra irmos almoçar. Como fazia algum tempo que a gente não matava as lombrigas brasileiras, veio a mente esse restaurante. Pegamos o metrô e fomos experimentar.

Pra encontrar, literalmente precisamos de mapa (obrigada, Google Maps, pelo menos não sugeriu que eu atravessasse o Oceano Pacífico de jet-ski), porque o estabelecimento fica um pouco distante da estação de Shirogane-Takanawa (linha Mita do metrô) e fica no meio residencial.

O estabelecimento é pequeno, como se fosse aqueles bistro franceses, mas ambiente bem acolhedor. Os móveis são bem estilo das residencias coloniais no Brasil (quem foi em sede de fazendas cafeeiras vão me entender), com cristaleiras antigas e até bibelôs.


Quem vai num restaurante desses, esperando aqueles espetos e roletes de churrasco, esqueçam. O Fiza é daqueles restaurantes modestos, caseiros, com pratos feitos (o nosso conhecido "PF"), e churrasco, vem no espetinho.

O forte do Fiza seriam mesmo esses pratos feitos - arroz, feijão, carne (de sua preferência) e salada. Mas tem pastel e outros salgadinhos de boteco que amamos.

Ficamos na dúvida do pastel e espetinho, mas quando a proprietária disse que era dia de feijoada, nossas dúvidas acabaram naquela hora mesmo. Com direito a salada, que, no meio é um tomate de forma oval, sem pele (e não um ovo vermelho, como ficou parecendo).


Com direito a palmito de aperitivo. Sim, eu levei o palito pra casa como lembrança porque era um verdadeiro desperdício jogar fora uma coisa linda dessas.


A feijoada própriamente dita - na cumbuca e arroz com couve. Não parece, mas para uma pessoa que costuma comer pouco, essa porção é enorme e minhas lombrigas agradecem. E a feijoada estava bem no ponto - com muito feijão, muito caldo e muitos pertences.



As bebidas estão inclusas no preço. E o café, made in Brazil, passado na hora, é também a vontade. E não, não estou ganhando nenhum troco pra dizer da paçoca mais vendida na comunidade (e fora dela, que eu sei).

Sobre o lugar, é bem como eu disse - ambiente familiar. Tanto que, se não tiver tantos fregueses, dá pra conversar com a dona do estabelecimento, que conta alguns "causos" engraçados que acontecem no restaurante. A maioria dos frequentadores é estrangeira, por causa da localização (a vários metros, fica a Universidade Keio, que dispensa maiores comentários, só os mais fortes entenderão e mais um pouco, a famosa Tokyo Tower) e já ganhou resenhas de sites de restaurantes, como o tabelog.

Maiores detalhes e comentários dos frequentadores, no site tabelog, que indica vários restaurantes no Japão.

(Nota: dispensamos a sobremesa não porque não tinha algo de nosso gosto, mas porque a feijoada não deixou espaço pra mais alguma coisa!)


Yayoiken ~ Aoyama Oval Building


Aqui existem diversos restaurantes que servem teishoku - ou nosso conhecidíssimo "prato feito". Mas, ao invés de arroz, feijão, bife e salada, aqui seria arroz, misoshiro, tofu, tsukemono (legumes em conserva), carne ou peixe.

A rede Yayoiken é um desses restaurantes em que servem nesse estilo. Quando eu trabalhava em Tóquio, quase sempre a gente ia almoçar num desses. "Vamos comer no restaurante de fichinha", logo eu sabia onde era - em alguns desta rede, para facilitar muita gente que vai almoçar no horário de pico, paga na entrada, ou seja - escolhe primeiro o que quer comer, paga na maquininha e entrega a ficha para a atendente.

No restaurante que fui, que fica no Aoyama Doori, é numa galeria, chamada Aoyama Oval Building. Diferente do que mencionei, esta filial já segue mais estilo family restaurant, tem mais espaço e paga-se na saída. Apesar de ter um menu com pratos sazonais, o básico ainda prevalece e faz sucesso na casa.

O teishoku que eu pedi, vinha além do arroz, o principal, misoshiro e tsukemono, o tofu. O principal, no meu caso, era frango frito, mais conhecido como karaage. O chá (normalmente mugicha) é a vontade, tanto que fica uma jarra em cada mesa.

Não custa caro e é nutritivo.

Maiores detalhes no site oficial da empresa (em japonês).

Capricciosa - Tokyo Dome


Uns bons anos atrás fui ao cinema com dois colegas do antigo serviço (por sinal, eu não gostei do filme e os dois amaram, acontece) e depois fomos jantar pizza com vinho em um dos restaurantes desta rede, em um dos complexos do Roppongi Hills.

Tirando o fato de um deles reclamar adoidado do vinho que não era um Moët & Chandon ou Veuve Clicquot, a pizza e o vinho estavam bons, muito pra compensar - pelo menos pra mim - o filme que pra mim não caiu bem. Uma outra pessoa que estava comigo, recomendou que um dia eu experimentasse o "Croquete de Arroz Estilo Siciliano com Molho de Tomate".

Cheguei a ir mais vezes neste restaurante, quando eu ainda morava em Yokohama. E eu sempre pedindo o dito croquete de arroz - que, pra mim, vale um almoço - não parece, mas o bolinho é grande e recheado com queijo...

Na verdade, eu precisaria variar nas escolhas dos pratos deste restaurante. Porque mais dia, menos dia, vou acabar enjoando desse croquete de arroz e desistindo de ir nesse lugar.

Mais detalhes do lugar e seus pratos, neste site aqui (em japonês).

Wako Tonkatsu


Um dos melhores lugares para se comer tonkatsu (bife de carne de porco empanada, semelhante ao nosso bife a milanesa), apesar de eu ter ido somente em dois lugares diferentes depois. Mas esse restaurante pra mim continua sendo a melhor escolha.

Conheci esse restaurante num dia que fui ajudar uma amiga minha numa mudança e, na pausa pro almoço, resolvemos procurar algum lugar bom, gostoso e barato. E a gente com vontade de comer tonkatsu. Aí toca procurar restaurante que servisse teishoku, que era a forma mais barata e nutritiva de almoçar - e eis que fomos experimentar.

Como era a primeira vez, fui experimentar o prato mais popular da rede - o rosukatsu gohan - que seria o lombo do porco. O tonkatsu vem acompanhado de arroz, (muito, mas muito) repolho, tsukemono e misoshiro. Apesar de ser frito em muito óleo, o tonkatsu desta rede não é tão oleoso como pensam, bem suculento e macio. E satisfaz. (Eu sei que repolho faz bem pra ajudar na digestão e queimar gordura por causa da carne, mas confesso que eu não consigo comer tudo).

Muitas vezes quando vou para Tóquio ou Chiba, quando bate aquela vontade de comer tonkatsu, não penso duas vezes e vou procurar um restaurante dessa rede - que por sinal, na região de Kanto, ela domina. Numa dessas, já levei algumas amigas pra provar (Gesiane volta e meia bate ponto lá, que eu sei).

O restaurante também apresenta as opções de pratos com camarão frito, mexilhão empanado e combinados com tonkatsu e tempura. E o preço compensa e você sai satisfeito.

Site da rede aqui (também em inglês. chinês e coreano).

Fotos: todas da autora, via celular, qualidade linda de morrer, mas a fome era maior.

Comments

  1. Nooossa, sabe que eu tô morrendo de saudades da comida do Coco´s (aquela salada servida na cestinha de taco é divina!) e so Saizerya (acho que eh assim ou o Y é antes auhauaha)... ahhh que saudades... pelo menos eu posso tomar Calpis aqui sempre que vou à Liberdade rs

    K!

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    1. Ro, faz uma data que não vou no Coco's e olha que não é longe de casa (ô, preguiça!), mas a salada ainda continua no cardápio. Quando como lá, eu peço aqueles hamburgueres que você assa naquela pedra XD e a quesadilla de frango (delicia meu!).
      Saizeriya é o melhor lugar bom, gostoso e barato ~ todo mes a gente vai naquele que fica mais ou menos perto do antigo Jusco (fica na mesma rua do Coco's, mas sentido inverso). Quando vamos lá, SEMPRE está cheio hahahahaha
      Calpis é vida, ô coisa boa so!

      Beijao!!!

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  2. Olá,
    Nunca tinha ouvido falar do doria e fiquei com vontade de provar. Quem sabe da próxima! Já tomei um chá de yuzu e é realmente bom. Pena que só tem em uma cafeteria coreana por aqui.

    Já sobre a rede Wako eu tinha ouvido falar mas acabei não comendo e me arrependi. Comi muita coisa da última vez mas acabei deixando o tonkatsu de lado...da próxima vou provar com certeza!

    Abs,
    Carlos

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    1. Oi Carlos ~
      Doria, se for ver bem, lembra um pouco risoto. Mas um pouco mais cremoso e consistente. Eu quase nem comia doria por causa que muitos lugares era muito arroz e pouco molho. Mas dessa rede, o Kobe Motomachi Doria, vale muito a pena - pelo obvio, a casa é especialista nisso hahahaha

      Era a primeira vez que eu experimentava chá de yuzu. Gelado. Mas parecia mais suco. E muito refrescante também. Vamos ver se encontro em outro lugar mas quente XD

      Tonkatsu quase ninguém recusa. E a rede Wako é muito boa, apesar de que, dependendo da hora, corre o risco de esperar muito na fila. Mas a espera vale a pena. E haja repolho.

      Abração!

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