Da próxima, vê se me ouve!



Segundo domingo de maio, em (quase) todo o mundo, é dia das mães, e, claro, as redes sociais lotam de mensagens e fotos. Daí vão me perguntar: "você não postou a sua?". Bem, não. A verdade é que minha mãe detesta ser fotografada, e se tenho recente, são poucas...

Mas não condeno ninguém em homenagear a mãe, porque existem muitas formas de expressar nosso amor por elas. Desde que fui morar no exterior, costumo conversar com ela uma vez por mês, porque se eu ligar duas vezes num mês, ela já fica desesperada.

Mesmo eu quase entrando na versão 4.8 da vida, morando no exterior e já tocando a vida, ainda escuto as mesmas broncas que eu ouvia quando criança. Como não pensamos em ter herdeiros, às vezes me pego descontando no namorido (que também dá o troco, essas coisas acontecem), mas certamente, se tivéssemos filhos, eles iam ouvir as mesmas frases que a gente ouvia quando na tenra idade. Pois é, essas coisas a gente acaba herdando, não tem jeito...

(Observação: essa postagem foi inspirada no saudoso blog "Garotas Que Dizem Ni", no texto "Vou contar até três!". Quem tiver o livro "E' Impossível Ler Um Só", esse texto está lá.)

Tá pensando que sou dona da Eletropaulo?  Ou da Light, ou qualquer companhia fornecedora de energia elétrica onde mora. Desconsidere o erro de sociedade civil, pois minha mãe não estudou essas coisas, mas a frase até hoje perdura em casa, quando eu esqueço a luz acesa onde não precisa, especialmente do banheiro. Uma variante, era o do saudoso blog "Garotas Que Dizem Ni", que as autoras ouviam das mães "sócia da Light".

Da próxima vez, vê se me ouve! Mãe nem precisa assistir noticiário pra ver a previsão do tempo, pelo menos a minha, sempre acertava. Guarda-chuva e casaco eram itens que eu só lembrava deles quando chovia ou esfriava. E quando saía de casa, era minha mãe dizer "leva o casaco que vai esfriar", "leva o guarda-chuva", e era batata. Perdi as contas de quantas vezes eu voltava pra casa ensopada ou reclamando do frio ou as duas coisas, e minha mãe "eu avisei".

Doce só depois da janta! Ou almoço. Se tinha sobremesa, a gente só podia comer depois da refeição. Se a gente comesse antes, era minha mãe avisando "depois não vai conseguir comer nada". Isso ficou na minha memória que até hoje eu deixo pra comer a sobremesa depois do almoço ou janta. Mas isso não se aplica até hoje pro namorido, porque ele come a sobremesa primeiro e depois a refeição principal.

Esse é pra(s) Visita(s)! Pelo menos em casa era assim: era minha mãe fazer bolo diferente e algo mais, era certeza que vinham visitas. Normalmente, eram meus tios de cidade distante ou o ojisan que vinha fazer a missa em casa (quem é descendente de japoneses sabe do que eu estou falando). E nada de comer antes delas, tinha que esperar as visitas comerem primeiro, pra depois a gente tentar comer. Mas minha mãe sempre deixava feito a mais para nós, caso não sobrasse. Porém, essa frase vinha com um complemento...

... e não me faça passar vergonha, viu? Acho que de tanto que minha mãe falava isso, até hoje, quando vou na casa de outras pessoas, eu ainda tenho vergonha até de pedir um copo de água. Se o anfitrião não fala nada, bem provável que eu passe sede. Toda vez que vinham visitas ou a gente ia na casa dos outros (aka parentes), a gente tinha que tentar se comportar, evitar de falar alguma bobagem, porque no final era uma senhora de uma bronca...

Um dia, você vai me agradecer por isso!

Com certeza, mãe, com certeza.... ❤

Imagem: Snoopy FB page

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