Dia do Baixo





Pelo menos até onde sei, no Japão, as pessoas costumam associar números e datas com alguma coisa, como 22 de fevereiro, virou "Neko no Hi", porque 2.22 também se lia "nya nya nya", que seria miado de gato. Ou 22 de novembro, que lendo 11.22 virava "Dia do Casal Bonzinho", já que lendo em japonês ficava "ii fuufu".

São coisas que, só morando MUITO tempo aqui, vai entender essa associação de datas com alguma coisa. Se bem que também muita gente que é blogueiro sabe do Blog Day no dia 31 de agosto. Ou quem gosta do gênero BL ("Boys Love"), sabe que dia 1 de agosto seria dia do Yaoi, e por aí vai. Até mesmo o Pocky Day, que é todo dia 11 de novembro.

Mas, para quem é músico, ou entende de música no Japão, dia 11 de novembro também seria dia do baixo, aquele instrumento musical que lembra a guitarra mas com quatro cordas. Novamente uma associação da data com a quantidade de cordas do instrumento (11.11, que juntando vira 1111, as quatro cordas do baixo). E isso também trenda no Twitter, junto com o Pocky Day (mas, como o Pocky é bem mais popular, a hashtag #ポッキーの日 trenda muito mais).

Qual a função do baixista em uma banda? No site studybass a função do baixista em uma banda, é fornecer  ritmo harmonia no grupo. Ou seja, o instrumentista desempenha um papel importante na banda, ou seja, ele pode salvar a banda (ou também acabar com ela, se for um péssimo baixista).

Obviamente, quando se falam em baixistas em bandas musicais, muita gente já coloca na lista dos n mais da história nomes como John Entwistle (The Who), Jaco Pastorius, Flea (Red Hot Chili Peppers), Geddy Lee (Rush) e Paul McCartney. Ou mulheres como Tina Weymouth (Talking Heads) e Kim Gordon (Sonic Youth).

Muitos baixistas influenciaram outros, seja pelo modo de tocar ou como harmonizar e dar ritmo na música. Mesmo no jazz, que o contrabaixista desempenha um papel muito importante numa jam session.

No Japão, a situação não muda muito, apesar que em muitas bandas, quase ninguém conhece os demais instrumentistas devido ao vocalista ou guitarrista se destacar mais (o que não deixa de ser uma verdade). E se a gente pega pra consultar no oráculo aka Google, a lista de baixistas japoneses ou pertencem a músicos de estúdio ou bandas de indie pop, raramente alguma banda conhecida.

Dá pra citar nomes, como Masato Nakamura (Dreams Come True), Jiro (GLAY), Michie Nakatani e Atsuko Yamano (Shonen Knife), Tetsuya (L'Arc-en-ciel), Haruomi Hosono (Yellow Magic Orchestra), Kazuyuki Sekiguchi (Southern All Stars). Ou que enveredaram ocasionalmente no jazz, atores como Chosuke Ikariya (The Drifters) e Akira Terao. Mas, uma das poucas revistas japonesas especializadas na área, a BASS MAGAZINE, costuma trazer muitos da cena indie, ou músicos de estúdio. Raramente no mundo j-pop.

Na edição de agosto de 2017, foi surpresa até mesmo pra fãs de grupos da JE, a revista BASS MAGAZINE ter trazido uma matéria com Ryuhei Maruyama, do grupo-banda Kanjani Eito. Para quem chegou agora, já faz um bom tempão que o Kanjani envereda mais como banda do que pra dançar. Quem viu o PV de "Yellow Pansy Street", de 2011, a banda fazia uma pequena homenagem aos Group Sounds dos anos 60. E eles tocando (mesmo) os instrumentos. E quem assume o baixo, é justamente Maruyama.



Um dos motivos do Maru ter sido capa e matéria principal da revista, foi que em 2017, a banda Kanjani Eito havia lançado o álbum "JAM", e terem um programa em que mistura talk-show e uma pequena jam-session com os convidados (geralmente músicos), com os membros do Kanjani tocando, o KanJam. O álbum já trazia uma grande mudança no estilo musical do grupo, que alternava entre o pop tradicional até uma pegada bem pesada no rock (vide "Noroshi", cuja apresentação nos programas como Music Station, só faltou botarem fogo no estúdio).

No live METROCK, em setembro de 2017, onde o Kanjani mostra que é banda de verdade
Aliás, o Kanjani é um dos poucos grupos da JE que traz muita colaboração de outros artistas conhecidos no j-pop em seus álbuns (os outros grupos que costumam fazer isso seriam TOKIO e KinKi Kids).


Outro membro da JE que também assumiu a posição de baixista, é Hikaru Yaotome, do grupo Hey! Say! JUMP. Em quase todas as turnês, tem a parte da JUMP Band, que só aparece em algumas músicas. Para quem nem chegou a ver algum DVD live do grupo, a banda é formada por Yaotome (baixo), Keito Okamoto (guitarra), Kei Inoo (teclados) e Yuto Nakajima (bateria). Em algumas matérias para as revistas Myojo, Wink Up e Duet, Yaotome disse que se interessou por música ainda no ginasial, logo que entrou na JE. Apesar de ser canhoto, toca baixo como destro. E de tanto que se aprofundou nas técnicas, muitas vezes no programa de rádio que faz ao vivo, ele traz um de seus baixos e toca algum trecho de música para o ouvinte tentar descobrir.

O mais engraçado que, hoje, no Twitter da Tower Records de Musashi-Kosugi (Kawasaki-shi) postou sobre o "Bass no Hi" somente dos membros do JE. Até Maruyama e Yaotome são assumidamente baixistas e provam que são bons ao vivo também, mas os demais que postou, só se os Juniores fazem isso no programa The Shonen Club ou em alguma parte em apresentações em que eles somente aparecem (a maioria é backdancer de outros grupos, ou sub-grupos dentro dos Juniores). Mas, seja como for, eles terão que mostrar mais do que dançar e (tentar) cantar, pois mesmo dentro da agência, bandas que realmente tocam estão ficando cada vez mais escassas.

Outro detalhe, é que o baixista também tem que se dar muito bem com o baterista, já que ambos possuem a mesma função de marcar o ritmo. Mas, como mencionado bem anteriormente - um bom baixista pode levantar uma banda para o sucesso, mas se for ruim ou não tiver interação com os demais membros, pode afundar. (Lembrando o que Tomoya Nagase mencionou em uma entrevista logo depois da saída do Tetsuya Yamaguchi - "sem um baixista, fica praticamente impossível a gente compôr alguma coisa, porque falta algo para completar").

Fontes: Bass Magazine, studybass, wikipedia japan

Imagens: ameblo.jp, rittor music, JStorm Video, MJ Kim.

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