Quando Melhorar é Possível (e não deixar cair pelo negativismo de terceiros)



Recentemente, lendo as postagens e stories no Instagram das meninas do site Ajuste a Rota (recomendo seguir no Instagram), mesmo elas morando em Nova Zelândia, não deixam nunca de dar dicas sobre o Japão e o ponto de vista sobre a vida aqui. E acredite, me identifico como elas. Embora eu esteja trabalhando quase doze horas por dia classificando placas eletrônicas, uma das coisas que eu nunca abri mão seria levar uma vida normal. O que eu diria como "vida normal"?

Enquanto muita gente que vive aqui, fica no esquema casa-trabalho-casa, muitas vezes eu fujo desse esquema, como ir em livrarias, passar algumas horas na biblioteca, finais de semana indo para lugares diferentes. Como eu costumo mencionar no Twitter, o dia que não saio de casa (por dois motivos - quando chove demais ou quando estou doente), eu aproveito para estudar, ler, assistir meus doramas atrasados e programas de TV variados.

E vocês acham que nunca ouvi gente dando pitaco pelo meu estilo de vida? Olha, gente assim o inferno tá cheio. Poucas pessoas chegaram para mim e deram apoio. E agradeço elas por isso. Talvez se não fosse o fato de eu ter ido parar numa cidade minúscula onde o trem só passava a cada meia hora, eu nunca chegaria ao que cheguei, embora meus conhecimentos da língua japonesa ainda estejam aos trancos e barrancos, mas consigo me virar melhor do que vinte anos atrás.

Uma pequena amostra do que já ouvi (e ainda ouço mesmo sendo indiretas diretas):

1. Estudar pra quê se vai morrer numa fábrica? E' o que mais ouço quando fico no intervalo de trabalho com um livro de estudos em gramática e vocabulário ou algum manga diferente do que muitos estariam acostumados. Procuro, nessas horas, fingir demência e continuar a ler. E o mais irônico é que teve gente assim que veio me procurar para ajudar a traduzir muita coisa, desde consulta de médico até nome de estação de trem.

2. Você gasta seu dinheiro com essas coisas? "Essas coisas" leiam-se, revistas, livros, mangas, DVDs, CDs, cinema, eventos e shows. Como diria minha mãe, "você trabalha pra isso, ué". Para essas pessoas, diversão é sinônimo de perder tempo e dinheiro. Não para mim. Foi através de gostar de idols, conheci gente muito mais interessante por aí. Aprendi a ler muito mais, descobri mangas diferentes do que os tradicionais (é que muita gente só conhece One Piece e Dragon Ball, nada contra esses mangás, mas existem outros que possam ser muito mais interessantes), passei a gostar mais de j-pop e ir em muitos eventos de manga alternativo e independente. E aproveitando para conhecer mais os lugares.

3. Nunca vai dar certo. Não a curto prazo. Existem muitas coisas que temos que ter um período para que concretize. Mesmo que tenha alguns percalços no caminho, a solução é nunca desistir. Posso não ter conseguido ainda o N2 da proeficência em língua japonesa, nem 990 pontos no TOEIC, mas não perco o foco e ignoro os comentários maldosos.

4. Não acha que passou da idade para isso? Se não é o primeiro, é o mais que ouço depois do item 1. Ninguém passou da idade para estudar, para ir num show, para mudar de vida, para começar um hobby que te faz bem. O que eu já conheci de gente mais velha do que eu se divertindo igual a um adolescente, isso não está escrito.

Existem muitos mais, e se eu enumerar todos, vai até o ano que vem. Mas existem pessoas que gostam de reclamar mas não sabem resolver, nem melhorar, porque é fácil chorar as pitangas pros outros, mas não levanta o traseiro da cadeira para tomar alguma providência. E' fácil falar mal de qualquer coisa, mas não enxerga as coisas boas. De qualquer coisa.

Infelizmente o mundo está lotado de gente assim. Por isso que temos que ter o maior cuidado para não sucumbir e acabar em depressão. Aí que essas pessoas vão te apontar com o dedo ao invés de estender a mão e perguntar se precisa de ajuda.

Foto: da autora. Starbucks Coffee Nagoya (Sakae Station).



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