Sobre Nós, Mulheres, sabermos nos valorizar mais

Do dorama "Kimi wa Petto", com Jun Matsumoto (Momo) e Koyuki (Sumire). Créditos; fanpage do FB "Dorama Japonês É Outro Nível", só que não consegui achar quem fez as legendas.
Não no sentido monetário, claro. (Mas, se eu fosse a Sumire, eu já enfiava a faca só pra ninguém mais encher o saco)



Na postagem anterior, sobre "postagens e comentários que beiram o absurdo", um dos mais populares seria mulheres que sofrem com infidelidade do companheiro, mas que nada fazem para elas mesmas se valorizarem. Muito pelo contrário...

Sinceramente, não consigo entender o motivo da maioria das mulheres (brasileiras) que moram aqui, terem uma insegurança tão grande, ao ponto de ficar dependendo do marido para tudo - desde financeiramente até acompanhar na esquina. Eu jurava até então que elas fossem mais independentes, já que conheci várias que se transformavam em vinte para poder dar conta de tudo e ainda manter a vaidade em dia. Eram aquelas mulheres que me inspiram até hoje para ir ao cinema, viajar, ir aos concertos, despertar meu gosto por fotografia, por escrever, estudar e, quem sabe, traduzir, pois eu via nelas a imensa força de vontade para fazer o que gosta e ser feliz, mesmo tendo uma casa pra cuidar, filhos pra criar e trabalhar para poder ajudar nas contas e sustentar a si mesmas. E ainda fazendo hora extra e nos sábados.

Só que meu conceito desceu ladeira abaixo quando descobri, nas redes sociais, que a maioria das mulheres aqui, são dependentes do companheiro para tudo. E não é exagero. Desde a mulher que não trabalha por causa dos filhos até mulher que depende do marido dar dinheiro para ela até para suas necessidades particulares!!! Sem contar aquelas que não trabalham por pura opção de ser sustentada pelo marido (se ela quis essa vida, ué...).

Em algumas conversas que tive com uma amiga minha de longa data, que também tocou no assunto de mulher dependente, chegamos a um ponto em comum: a maioria delas depende do companheiro por motivos morais e por motivos de permanência. Acreditem, têm muito casal que não se separa com receio da sociedade julgar os atos. Para mim, melhor ser chamada de "caso perdido" porque é separada do que estar junto mas cheio de hematomas e sempre passando o maior nervoso.

Quanto ao quesito permanência, aí o assunto pega mais fundo: para vir no Japão à trabalho, por exemplo, tem que ser descendente. Ou contraído matrimônio com um. Ou em casos especiais, como vir como bolsista ou pesquisadora. Aí, quando desembarca, vira um turbilhão de sentimentos - desde vontade de voltar pra casa até querer ficar pelo resto da vida. E no caso de separação, quem consegue permanecer, ou porque o ex-marido ainda concede os documentos para renovação do visto, ou porque possui visto permanente. Bem, isso até onde sei...

Voltando ao ponto: nós, mulheres, temos que nos valorizar mais. Eu quero dizer que temos muito potencial, sim. A gente é que tem que realmente correr atrás do que a gente gosta, mesmo sabendo que vamos ter muitos obstáculos a serem enfrentados, mas o resultado será gratificante. Temos que ter mais confiança em nós mesmas, fazer o que gostamos sem  medo.

O que mais precisamos na comunidade brasileira e feminina aqui no Exterior, é muito mais união. Entendo que tentar esclarecer dúvidas sobre maternidade, filhos na escola e doenças, é válido, mas quando digo nos unir, seria lutar por direitos de trabalho, expressão e atividades. O que eu quero dizer: pelo que andei vendo ultimamente, a maioria das mulheres estão mais querendo que outras se ferrem. Mas também depende de cada caso, por exemplo, se for infidelidade, mais fácil consultar um advogado (mas não: bota um texto estilo novelão que nem roteirista de novela da nove aceitaria).

Off-topic: A falta de união na comunidade, um pouco deve-se aos falsos apelos de pessoas mal-intencionadas que aproveitam da bondade dos outros para pedir doações porque está com alguma dificuldade, sendo que na verdade nem precisa.

Auto-estima também é importante na hora de se valorizar - com ela em baixa, tudo desanda (mas isso seria muito o óbvio, né?). Claro que temos aqueles dias de que nada dá certo, mas vamos lá, bote em mente que o dia seguinte vai melhorar. Bem, pelo menos comigo funciona. Quem nunca teve um dia terrível e a primeira coisa que você queria fazer era sair correndo e se trancar em casa sem querer ver nem uma alminha semiperdida? Aí no outro dia a tempestade já tinha passado e segue em frente, porque o importante é estar viva.


Fico me perguntando porque a uma parte das mulheres [brasileiras que residem] aqui não se valorizam - ficam lamentando, chorando pelos cantos, agindo como se fossem adolescentes com mente de estudante de jardim de infância. Não consigo enxergar nelas algo que possam se valorizar, de aumentar seus conhecimentos. Defender a cria como se fosse leoa mas para rebaixar e ser tachada de encrenqueira, para mim nem seria se valorizar.

Se valorizar é conseguir criar os filhos para serem bons cidadãos no futuro, dar educação adequada, dar exemplo para eles, afinal os filhos se espelham nos pais (ou em um deles, caso for sozinho). Felizmente conheci muita mulher aqui que trabalha muito e ainda tem tempo para elas mesmas. E corre atrás de cursos, palestras, reuniões (e se puder leva a prole junto).

Temos boas qualidades, sim, mas infelizmente outras preferem ficar estagnadas e prejudicar terceiros com intrigas, fofocas e inveja. Nem adianta falar que é "inveja branca", que inveja é inveja de qualquer jeito. Às vezes, quando falam que tem inveja de algo e coloca "mas fico feliz que conseguiu", eu retorno "mas você um dia vai conseguir também". Temos que ter um pouco de fé nessa humanidade.

Então bora procurar na internet informações sobre cursos, onde estudar japonês, como aprender a fazer um bolo, lugares para passear, dicas de beleza, se profissionalizar, sei lá, qualquer coisa útil e que você vai conseguir fazer, porque tem que acreditar no seu potencial.

Imagens: Grupo FB "Dorama Japonês é Outro Nível" e Sanrio.

Comments