Os produtos que sinto falta aqui no Exterior

Apesar de eu estar morando no Exterior há mais de duas décadas, existem alguns produtos que a gente sente falta e dificilmente encontra aqui, e quando encontra, custa dois rins e metade de seu pâncreas. Mas quando se trata de alimentar a solitária que habita em seu estômago, de vez em quando, não seria a ruína das suas economias (o duro é quando esse "de vez em quando" vira "todo dia").

Certo que eu já estou acostumada aos produtos locais, muitas vezes encontramos produtos importados a precinhos módicos nas lojas especializadas, mas existem alguns produtos que valem a pena tentar trazer na mala ou pedir de presente, porque são produtos que são difíceis de encontrar, quando encontra, é caro, e o similar nem chega a ser 1% do original...

Sim, esta lista só tem comida. 

1. Creme de leite. Embora no Japão tenha, e inclusive diferença da porcentagem da concentração de gordura do leite, prefiro o do Brasil por causa da consistência. Não que os do Japão sejam uma droga, mas a gente só usa quando não tem outra alternativa. Isso quando não tem gente que confunde o nama cream (creme de leite) com o whip cream (nosso famoso chantili).

2. Mandioca. Pouca gente sabe, mas eu adoro mandioca, especialmente cozida na hora (eu amasso ainda fumegante e coloco açucar) ou frita. Eu sei que em lojas de artigos brasileiros tem e congelada, e in natura, descobri um agricultor em Saitama que vende sob encomenda. Fico me perguntando se o cultivo da mandioca (ou cassava, como é no inglês) depende muito do clima e solo (bem, tudo o que vai se plantar depende disso, é óbvio...).

3. Mandioquinha. Ou batata-baroa. Esse eu não encontro em lugar nenhum, já perguntei e a maioria não encontra por ser difícil de achar. Talvez o mesmo problema do cultivo da mandioca. Pra terem uma idéia quanto tempo eu não como algo com mandioquinha: a última vez que comi foi antes de vir pela primeira vez ao Japão, então nem preciso falar mais nada.

4. Salame. Tá, eu sei que tem em qualquer loja de artigos brasileiros, mas veja o preço e depois me conta. É algo que pode dar de presente que aceitamos sem pestanejar. Salame igual ao do Brasil, meio difícil de achar em qualquer supermercado por aí, e quando acha o italiano, dá vontade de chorar pela quantidade e preço...

5. Catupiry. O original somente no Brasil. Das vezes que retornei, não pensava duas vezes em pedir pizza de frango com catupiry (acho que era a única iguaria que comia que tinha esse produto...), mas nunca perguntei para as pessoas se já tentaram trazer catupiry para o Exterior, pois nunca achei nem em lojas de artigos brasileiros, nem mesmo nas lojas de produtos importados. Na verdade, seria requeijão cremoso, pois catupiry é a marca... Talvez tenha alguma boa alma que consegue fazer o requeijão semelhante, só estou precisando criar vergonha na cara e pedir pizza num estabelecimento que muitos recomendam nas redes sociais...

6. Biscoito Passatempo. Como desde que o biscoito foi lançado no mercado e ainda eram os desenhos da Disney. Quando vim parar aqui, trouxe uma boa quantidade na mala (quem abrisse, iria achar que estaria fazendo contrabando, e para explicar que era consumo próprio?), e minhas amigas costumavam me presentear quando voltavam do Brasil, mas como ultimamente ninguém anda tirando férias para lá, vou ter que voltar a me conformar como no início - existem outros biscoitos que talvez possam suprir essa carência... (até parece)

Na verdade, eu cheguei a achar o biscoito vendendo em alguns poucos lugares que fui, mas pagar 700 ienes, nesse ponto, até minhas lombrigas perderam a fome.

7. Pamonha. Eu sei que deve vender em lojas e restaurantes brasileiros aqui, mas comi uma vez e me arrependi, porque o gosto estava meio estranho. Pamonha para mim, tem que ser feita na hora, com direito a todo mundo descascando, ralando, cozinhando e colocando nos saquinhos feitos com a própria palha verde que envolve o milho. A última vez que comi pamonha até enjoar, foi em 2018, na casa dos meus pais.

Depois dessa pequena lista, vão me perguntar se eu não sinto falta dos cosméticos do Brasil, como esmalte para unhas, perfumes, desodorantes, shampoo, condicionador, creme para tratamento de cabelos, creme para o corpo... Para falar a verdade, os cosméticos daqui - pelo menos para mim - nunca deram problema. Vai de cada um. Tem que ir testando até encontrar um que resolva 90% dos seus problemas. Felizmente, podemos encontrar em quantidades bem menores (daqueles pra viagem), não custam caro, pelo menos dá pra ter uma noção se vai dar certo ou não. Já cheguei a comprar esmalte caro e que foi abaixo das minhas expectativas, mas quando posso, compro de uma marca que perde até a noção tamanha a variedade de cores, texturas e complementos.

O mesmo vale para mim quando vou comprar maquiagem (isso quando vou comprar...), porque aqui variedade é o que não falta. Certo que na minha última estada no Brasil, andei comprando alguns (pra presentear azamiga), mas uso quando lembro, apesar que, onde eu trabalho, maquiagem leve não tem problema.

Na verdade, o que sente falta ou não, vai de cada pessoa. Existem pessoas que conseguem viver com o que o país oferece. Existem outras que tem que ser da terra natal, senão enlouquece. (Abro exceção para pessoas do sul e centro-oeste brasileiro, que gostam de um chimarrão e tereré, e erva para essas bebidas só esperando alguma alma bondosa que presenteie.) Mas, a gente vai vivendo como pode e deve.

Comments

  1. Pinhão, Nane! Como senti falta disso, até que trouxeram no ano passado. Nem estava no ponto, a pessoa trouxe o que a chuva derrubou, porque o período da colheita e venda é controlado pelo IAP, mas sstava ótimo ��
    Ah, tem muitos produtores de mandioca em Aichi e enviam. Se vc conhece a Amanda Ayabe, o pai dela planta e vende também e mora em Tsushima, perto de vc

    ReplyDelete

Post a Comment