Vida que segue

Dias desses estava conversando com namorido sobre as pessoas que conhecemos, tivemos um grau de amizade e, por n motivos acabaram sumindo, perdendo contato, essas coisas da vida. Pelo menos eu ainda tenho contato com algumas pessoas (se por acaso eu acabo deixando no vácuo, é porque eu acabei dormindo ou voltei ao trabalho e acabei esquecendo), mas outras, acabei perdendo contato (ou elas que perderam o interesse em mim, tanto faz).



 Prova maior disso é quando vou para Tóquio quase todo mês pois costumo ir nos eventos que quase sempre têm lá (isso quando não vou nos concertos que levo maior sorte no Tokyo Dome ou Yokohama Arena) - muita gente descobre que passei por lá depois que cheguei em Nagoya. Claro que não tenho como não postar fotos de onde passei, literalmente, mas eu acabo postando em casa ou dentro do ônibus voltando pra casa.

"Mas você não avisa antes", é o que me dizem. Sim, eu sei que eu teria que avisar com muita antecedência, mas eu me conheço: os eventos que eu vou, são no horário do almoço, fico até perto de terminar e logo eu tenho que voltar para Nagoya, porque no dia seguinte tenho que voltar à vida normal de sempre. Então, nem tenho como encontrar ninguém mesmo se eu quisesse.

E, quando eu tenho tempo sobrando (caso quando eu fico dois dias fora de casa), a situação não muda: "tenho compromisso nesse dia", "fica pra próxima", "hoje não vai dar, desculpa"...

Muitas vezes já cheguei a uma triste conclusão: talvez pelo fato de eu trabalhar numa linha, ganhar o suficiente para pagar as contas e meus hobbies e não fazer parte do padrão imposto pelos outros, as pessoas que eu conheci, perderam o interesse em mim. Mas também tem o óbvio, né...

- Não trabalho em um lugar que não seja linha de produção: Quem me conhece, sabe que estou no mesmo lugar de trabalho quase sete anos, seja fazendo classificação de peças, seja despachando material para outros lugares, mas ao menos estou trabalhando e ganhando o suficiente para pagar as contas e sobrar para comer e meus hobbies. Talvez por isso algumas pessoas me evitam, porque não faço parte da "elite", ou seja, trabalhar num escritório qualquer.


E também para essas pessoas que têm essa linha de pensamento, significa que gente da mesma estirpe que eu, não poderia estar frequentando lugares interessantes como o Starbucks Reserve Roasted, em Meguro, Tóquio.

- Sou completamente mega fail no quesito fitness: Bem que eu tento, na verdade, mas por motivos de trabalho e pós-trabalho, acabo deixando pra depois. Sim, academia. Por três meses ia cinco vezes por semana (três dias depois do trabalho, sábado e domingo), ficava três horas e fazia o máximo para não me acabar num rodízio de carnes ou de doces ou ambos. Depois que peguei um projeto, aí desandou de vez. Mesmo assim, consegui perder 1/3 do peso do que eu estava pretendendo.


O aplicativo que eu tenho no meu smartphone, o My Tracker, configurado com meu peso, altura, idade e tipo de rota - de segunda a sexta nunca passa de 4 a 6 mil passos por dia, porque é de casa até o estacionamento, do estacionamento do trabalho até o local de trabalho, da minha seção até o refeitório, e o caminho de volta. Só passa dos 10 mil quando vou para Nagoya, Gifu ou Tóquio, e nesses lugares eu caminho pra caramba...


Low carb uma ova, nessa salada! Olha quanto carboidrato no molho Caesar! E esses pedaços de pão no meio? E garanto que nesse copo, é café, que te faz inchar feito um balão!!!

Não posso fazer parte da hashtag do Instagram #goodjobgirl porque, bem, já começa pela minha idade que já passei do ponto de garota na casa dos vinte ou trinta faz tempão. E segundo, se consigo fazer mais do que 10 mil passos por dia, é quando eu vou para Nagoya ou Gifu ou Tóquio nos meus dias de folga. Fora isso, esqueçam: não tenho Apple Watch e mesmo se eu tivesse, não posso usar no meu ambiente de trabalho (se nem relógio comum eu posso...)

Outra coisa que já tentei e não funciona comigo, a não ser que seja caso em que o médico me der um ultimato - dieta. Por mais força de vontade e foco que eu tenha, não adianta, sinto muito. Porque se tem uma coisa que meus pais me ensinaram, é nunca economizar em comida, é comer o que te der vontade. "Ah, mas alimentos de baixo carboidrato são comida". Eu sei, mas não quero passar vontade de comer um bolo, uma lasanha, um yakiniku tabehoudai...

- Não tenho amigos mega influentes na comunidade: Se pessoas que conheci numa encarnação passada, davam um recado se, caso eu estivesse em tal lugar, era para marcar pra encontrar, hoje, nem nas redes sociais (nem posso falar muito, porque eu também meio que passo longe disso). Tirando raras exceções. Talvez porque não tenho amigos influentes que possam dar aquela levantada no seu curriculum vitae aka Q.I., e poder abrir as portas para oportunidades melhores.

Trocando em miúdos, elas preferem trocar idéias com essas pessoas do que comigo (se bem que, eu não sou nada interessante, mesmo), pois, para elas, existem coisas muito mais importantes a fazer do que perder uma ou duas horas de suas vidas conversando comigo.

"We're gonna rock the world now", Arashi já chutando o balde em "BRAVE" e disparando em tudo nas redes sociais.

- Nada em comum: Completando o item acima, eu nada tenho em comum com essas pessoas que outrora trocávamos conversas aleatórias. Primeiro, como eu mencionei anteriormente, eu sou uma simples funcionária qualquer numa empresa, que só presta para fazer vistoria em telas ou despachar material. Depois tem mais e desce ladeira abaixo: meu nível de conhecimentos em língua japonesa é de dar vergonha; assisto muita programação japonesa; minhas músicas que estão no meu iPod e no meu aplicativo Docomo Hits, se não é música japonesa (coloquei quase a discografia completa do Arashi no iPod), 10% são músicas de bandas britânicas no aleatório (Beatles e Amy inclusos); leio mais manga e revistas em língua japonesa; frequento muitos eventos de doujinshi; no caso de manga, tem alguns volumes de BL no meio, o que deixa de cabelos em pé a  metade de meus antigos amigos.

Ou seja: quem ainda tem amizade comigo, me aceita como eu sou mesmo.

Nessas alturas do campeonato, vocês devem estar se perguntando: por que eu estou chorando pelo leite derramado? Será que vale a pena ficar se matando por pessoas que nem te dão o valor? É aí que eu quero chegar. Eu não preciso ter um cargo, ser fitness, fazer dieta, ter amigos influentes e ser igual aos outros para poder ser aceita na sociedade que elas impõem. Depois de eu ter levado tanto na cabeça, cheguei a um ponto que, basta ser eu mesma e levar minha vida como sempre fiz, fazendo as coisas que eu mais gosto e que me fazem sentir bem, que eu estarei feliz do mesmo jeito.


Acho que o mais importante é fazer o que gosta. Sobre amizades, somente aquelas pessoas que, mesmo longe, ainda têm consideração e te aceitam do jeito que você é - o que importa é o bem que elas te trazem.

Fotos: todas da autora, via Smartphone Fujitsu F-01K, que ainda me ajuda e muito.

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