[Discoteca Básica do Empório]: The Monkees - "Pisces, Aquarius, Capricorn & Jones Ltd."



Quando o quarteto The Monkees resolveram dispensar (no sentido amplo da palavra) o produtor que só lhes explorava mas nunca deixava eles provarem ao mundo que "sim, sabemos tocar e somos músicos de verdade" (pra quem estava em Marte e chegou agora, o grupo The Monkees foi criado para fazer uma série de TV como "resposta" americana aos britânicos Beatles, e os dois primeiros álbuns, embora tivessem muitas músicas boas, infelizmente não eram os próprios que tocavam), das duas, uma: ou o grupo afundava ou ia sair uma grande surpresa.

Acertou quem disse a segunda alternativa. Em maio de 1967, o álbum "Headquarters" surpreendeu a todos, inclusive para aqueles que achavam que o quarteto americano não ia conseguir fazer nada (se quiserem depois eu faço a resenha deste álbum também). Se na metade dos anos 60, a psicodelia já tomava conta do mundo, então imaginem o resto. Podemos dizer que foi a época mais criativa para muita gente de grande quilate (traduzindo: Beatles, Rolling Stones, Beach Boys...), e foi a época que muitas bandas surgiram (e logo depois sumiram, sem antes deixar registro no arquivo musical).

Claro que para os Monkees também não ia ser diferente. Se em "Headquarters", os quatro tomaram conta da produção, dos instrumentos, das músicas e até quem poderia participar, o álbum seguinte também seguiu quase a mesma trilha. Digo quase, porque a maioria das músicas não eram compostas pelos quatro. Mas mesmo assim não tirou o mérito e esforço do grupo e hoje o álbum é tido como um dos melhores.

"Pisces, Aquarius, Capricorn & Jones Ltd.", de 1967 traz doze faixas (são treze, mas tem uma vinheta que não sei se eu conto como faixa ou não), com temas bem variados, inclusão de um sintetizador Moog (sim, os Monkees foram os primeiros a usar), e que poderia competir com os álbuns "Sgt. Pepper's..." dos Beatles, "Their Satanic Majesties Request" dos Rolling Stones e "Pet Sounds" dos Beach Boys. Digo poderia se não fosse o currículo anterior de terem sido chamados de "banda pré-fabricada".

Ah, sim. Pra quem não entendeu a capa, trazendo o desenho dos quatro (sem os rostos) no meio de flores coloridas, poderia dizer que os Monkees queriam ser conhecidos pelas músicas e não pelos rostos conhecidos na TV (mas dá pra reconhecer os quatro pelos pequenos detalhes - a fivela do cinto de Peter Tork à esquerda, os anéis de Micky Dolenz, o gorro de Michael Nesmith e a estatura de Davy Jones); as flores significando o movimento "paz e amor" e o colorido, bem, era 1967 e vocês esperavam o quê?

O título nada mais nada menos são os signos do zodíaco dos quatro: Peixes (Dolenz), Aquário (Tork), Capricórnio (Nesmith e Jones).

As músicas:

1 - Salesman: cantada por Michael Nesmith, a música quase foi censurada no episódio "The Devil and Peter Tork", por se tratar de substâncias ilícitas. Seria dizer que seria um cara que vende tudo o que a pessoa quiser.

2 - She Hangs Out: estilo início dos anos 60, com Davy Jones na voz principal, que fala para alguém ficar de olho na irmã que pode ser que esteja aprontando alguma...

3 - The Door Into Summer: inspirado em um livro do mesmo nome. Bem pra lembrar o entardecer em uma praia. No verão, claro.

4 - Love is Only Sleeping: tido como uma das melhores músicas do álbum e não soa datada apesar da instrumentação da época.

5 - Cuddly Toy: composta e tocada no piano por Harry Nilsson (que foi amigo dos Beatles também).

6 - Words: cantada por Dolenz, com backing vocal de Tork.

7 - Hard to Believe: tentativa (meio bizarra) de imitar o estilo de João Gilberto e Tom Jobim. Quem disse que é o Davy Jones tentando cantar em ritmo de bossa-nova, acertou.

8 - What Am I Doing Hangin' Round: Michael Nesmith não nega as raízes (é de Texas) e traz uma música no estilo country misturado com ritmo mexicano contando uma história de amor de um cara que vai até o México atrás da amada mesmo não sabendo falar nada de espanhol.

9 - Peter Percival Patterson's Pet Pig Porky: segundo Peter Tork, esse trava-línguas (que omite a letra "p") é de domínio público. Sabe aquela "she sells shells in shellshore"?

10 - Pleasent Valley Sunday: a mais conhecida do álbum, composta pela dupla Carole King e Gerry Goffin e cantada por Dolenz. Notem o final instrumental.

11 - Daily Nightly: mais conhecida por ser a primeira música na história a usar um sintetizador Moog (e depois usada ad infinitum por bandas de rock progressivo), a música fala sobre o incidente ocorrido na época, então famosa, discoteca "Pandora's Box".

12 - Don't Call On Me: cai muito bem como fundo musical de cafeterias do estilo Starbucks, no cair da noite. Ok, não exageremos, mas bom pra relaxar.

13 - Star Collector: Também composta por Carole King e Gerry Goffin, mas cantada por Jones. Uma grande ironia sobre fãs. Também usa o sintetizador, muito bem feito para encerrar o álbum.

Comments