Agridoce



Bem, mais um ano se inicia e estamos vivos e quicando. 

Todo final de ano sempre fazemos mil planos e avaliações pro ano seguinte, mas por inúmeros imprevistos, acabamos ou por não cumprindo ou deixando pela metade. E o ciclo continua.

Como eu havia mencionado no meu post de ano Novo: seu ano será melhor quando você faz dele melhor. Se seu ano foi uma droga, então trate de ver onde foi o erro e tentar não repetir. Acho que eu seguindo esse motto, meu ano de 2014 no saldo final foi um ano bom (retrospectiva em breve, neste Empório).

Vamos dizer que foi meio agridoce meu ano passado, não tenho muito o que me queixar. Porém, alguns pontos eu não tive como passar batido...

Perdendo amigos por causa de diferenças políticas/religiosas/whatever: Certo que gosto nunca se discutiu, independente do que for. O que eu senti de algum tempinho pra cá é que muitas amizades de infância foram desfeitas por causa de diferenças de opiniões. Eu entendo que nem dá pra ser igual a todo mundo, mas o problema é que, quando os ânimos se alteram, a coisa fica feia. Só faltando sair no tapa. Nem almoço com família escapa: só falta entrar na faca, literalmente. 

Eu sei que existem assuntos que nem se discutem, mas ultimamente seriam "pessoas que nem tem como discutir". Então, eu estou evitando tudo isso. Porque sei que vai sair discussão bem calorosa e vou acabar perdendo amizade por besteira. Mesmo porque existem assuntos que eu nem discuto porque nem estou atualizada (leia-se política), então nem adianta eu falar de algo que não sei. 

O que me deixou mais decepcionada foi o quanto nas redes sociais li muito comentário que dava pena de ambas as partes. Porque daria pra discutir de forma civilizada, mas...

Evitar "armar barraco" em (muitos) tópicos: Muitas vezes eu falo, mas muitas vezes acabo por fazer (mesmo sendo sem querer). Na frustrada tentativa de esclarecer, acabo perdendo a paciência e só faltei mandar ir pra... vocês sabem onde. Por isso que estou evitando ao máximo de comentar em alguns tópicos no FB, e inclusive no Twitter. Se bem que no Twitter a gente desabafa e quase passa batido. Mas no FB...

Um dos meus últimos barracos que armei (num acesso de raiva) foi o caso de um filme. Quando o filme foi lançado nos cinemas aqui no Japão, todo mundo no FB estava na choradeira "ah, porque esses filmes não passam aqui", "vai demorar pra baixar", "vai demorar pra sair", "esperar que alguém legende" e por aí vai. Depois, quando o filme sai em DVD e alguma boa alma caridosa faz o favor de colocar pra legendar, esse mesmo pessoal que chorava, reclamou adoidado, do tipo, "filme de droga", "uma ***** sem fim", "esperei tanto pra essa porcaria?". Juro que nessa eu não aguentei. Eu sei que vai ter gente que não vai gostar, mas então não reclamasse da forma que foi. E', nem precisa dizer o resto.

Depois disso, parei para pensar de que adianta eu me estressar com gente assim? Deixar essas pessoas reclamar a vontade e eu vou pro canto ser feliz. Leio até alguns mimimi alheios, mas deixo pra lá e vou cuidar da minha vida. Sim, e era algo que eu deveria ter feito trocentos tempos atrás.

Kouhaku Utagassen: Todo dia 31 de dezembro, minha timeline no Twitter fica entretida em um dos maiores eventos da TV japonesa, o Kouhaku Utagassen. Por mais que haja gente que diga "o Kouhaku não é mais o mesmo", existem pessoas que continuam firme e forte assistindo. E essas pessoas na minha timeline, a maioria também curte e gosta de artistas de tudo o que é gênero, desde o enka até o pop, algo que eu percebi desde os tempos em que a gente combinava de entrar na rede e surtar saudavelmente nos programas como "The Music Day", "FNS" e "Music Station Super Live".

Percebi que no Kouhaku, uma parte do pessoal que dava RT, só achava ruim. Depois que acabou, os comentários foram piores, tanto no Twitter como no FB. Aquelas: por que assiste, então? Acho que o pessoal ou é masoquista, ou tem prazer em reclamar, ou as duas coisas...

Desde algum tempo eu nem fiz mais postagem sobre o evento porque desanimei. Eu estava até mais animada em fazer do último evento, mas depois do ano passado, eu vou ter que incorporar o "Eliane Jones e a Caçadora do Animo Perdido", porque meu nível de fazer uma postagem decente do Kouhaku, foi embora em minutos e preciso encontrar.

Críticas sobre o modo de vida no exterior: Um assunto que nunca vai ter fim, e isso é verdade. Sempre vai ter gente criticando outras pessoas que moram em tal lugar no mundo. As comparações com sua terra natal sempre existirão e nem tem como. O lado ruim é que, no meu caso, eu tenho muita gente conhecida nas redes sociais que mora no Japão e no Brasil. Talvez se eu tivesse pessoas que morassem em outros países, talvez muito de nossas conversas seriam bem diferentes. Eu tenho, mas elas quase nem entram nas redes sociais. 

Quando eu falo pessoas que moram em outros países, seriam brasileiros que morem no Exterior, como na Europa, América Latina (menos o Brasil), Oceania, Asia (menos o Japão), Oriente Médio, Africa... Porque talvez a troca de conhecimentos e vida nesses lugares seja bem melhor. Saber dos perrengues que passaram, como é o modo de vida, etc. e tal.

Quem mora no Japão, bem, nem preciso mencionar como vivemos, comemos, nos viramos. Mesmo porque uma parte ou trabalha em fábricas e outra parte ou estuda, ou trabalha em outros lugares. Aí que sempre mora o perigo e prefiro nem entrar em discussão mais profunda.

Artigos sobre modo de vida aqui do ponto de vista de tudo o que é gente não faltam, mas teve um artigo que me chamou a atenção, foi a vida no Japão do ponto de vista de uma japonesa que morou no Brasil e Portugal e esclarece de forma coesa como é aqui. Eu li o artigo que uma amiga minha que compartilhou no FB e achei o ponto de vista dela melhor. Detalhe: ela escreveu tudo em português. (Eu deveria ter compartilhado também, porque era bem interessante e eu perdi)

O mais triste é que teve gente nas redes sociais que criticaram (pesado) o modo de vida de brasileiros no Japão, sendo que as pessoas nunca estiveram aqui, tampouco trabalharam aqui num lugar fechado, de 10~12 horas por dia. Eu nem respondi porque nem valeria a pena expôr o que eu penso, ou me estressaria.

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A vida não é tão doce como pensamos, mas podemos fazer dela melhor se a gente quiser. Existirão dias amargos, mas tentemos adoçá-la da melhor forma possível, e fazer dos dias doces, o melhor dia de nossa vida.

Imagem: via Twitter, do programa Arashi Forecaster (FujiTV)

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