[Dia de Jishuku] O que andei fazendo (ou não) nestes 10 primeiros dias


Para quem não entendeu, vamos lá: desde que foi decretado o "estado de emergência" em algumas províncias (mas depois outras resolveram aderir por conta e no final todo mundo acabou entrando, enfim), nunca o termo "jishuku" (自粛) foi tão usado, inclusive virou label aqui neste Empório... Como aqui não existe "quarentena" ou "confinamento" por motivos históricos (trauma da Segunda Guerra Mundial, nem vou estender muito nisso), "jishuku" seria mais "vai da consciência de cada um ficar ou não em casa" ou melhor ainda: "saia de casa por sua conta e risco" e por aí vai.

Estou em casa desde o dia 15 de abril, ou seja, onde eu trabalho, pediram encarecidamente para ficar em casa e sair quando for necessário (supermercado, farmácia, médico). Não sei como estão os outros lugares, mas tive dias que precisei ir ao supermercado perto de casa, eu tive até medo de entrar - parte da manhã, tudo lotado (a maioria eram pessoas da quarta idade)!!! Obvio que desisti e resolvi voltar mais no final da tarde, que estava um pouco mais vazio.

Vamos ao título: por mais que existam pessoas que sejam contra ficar em casa, porque não têm o quê fazer, têm crianças, etc., etc., etc., existem outras que conseguem aproveitar um pouco mais do tempo, mesmo tendo a prole na casa. Pra falar a verdade, nem eu sei o quê poderia falar para elas, mas melhor nessas horas ficar quieta no meu canto e cuidar da minha vida.

É o que estou fazendo: cuidando da minha vida, em casa. E quem me conhece, sabe que, mesmo em casa, eu procuro alguma coisa para fazer. Desde tentar deixar a casa limpa até estudar para os exames.

1. Tentar organizar a casa: Não sou a Marie Kondo, mas tento na melhor modo possível organizar as coisas em casa. Jogar fora o que não presta mais, doar roupas, mandar outras para reciclagem e desfazer de itens inúteis. Até mesmo a despensa da cozinha não escapou: felizmente em termos de comida, tudo na validade, mas descobri que tenho diversos tipos de chá para consumo direto até o próximo inverno (detalhe: alguns, foi o namorido que comprou e olha que ele é difícil de tomar chá!).


Sobre limpeza: devido ao trabalho, eu limpo a casa nos finais de semana. Banheiro e ofuro pelo menos duas vezes por semana. O certo seria tirar a poeira e passar o aspirador na casa toda pelo menos duas a três vezes por semana, ainda mais que tenho alergia ao pó, e pioro quando é primavera. Como disse: tenho que sair de casa cedo para o trabalho e volto quase final da tarde, e já não gosto de ficar fazendo muito barulho (pois eu moro no segundo andar). Nesses dias de jishuku, a limpeza está sendo diária. Antes que me perguntem, não, não sou obcecada por limpeza, mas nos dias de hoje...

2. Desfazendo o que não presta, não serve, não quer mais: no quesito roupas, eu dou uma geral nos gaveteiros e armário duas vezes por ano - inverno e primavera. Daí, eu sigo o famoso fluxograma que a Lominha havia traduzido uns bons anos atrás e está sendo de grande ajuda. E teve também uma frase que ouvi muitos anos atrás quando eu trabalhei (temporariamente) numa doceria: "a cada duas camisetas ou blusas que você joga fora, compre uma". Até tento seguir isso, mas ultimamente ando mais jogando fora do que comprando. Aí numa altura do campeonato, vão me dizer: você joga fora? Não manda pra doação? Vamos lá...

No momento que alguma roupa já está gasta, furada, rasgada, até encardida, sem condições para passar adiante. Eu jogo fora, mas na coleta coletiva que tem em todo o canto da cidade. Dependendo da marca do fabricante, as lojas da rede possuem uma caixa de coleta, que eles reciclam para fazer roupas para doarem para países de baixa renda. No quesito doação, nem tenho como fazer, pois como disse: eu uso a roupa até não dar mais. E mesmo assim, quando têm campanhas de coleta, querem de tamanho grande e masculina... Mas aquelas que comprei porque na hora achei linda e maravilhosa, mas acabei usando uma vez e encostei, podem me chamar daquele tipo de pessoa que só pensa em dinheiro, mas entrego em brechós e olha que aqui tem aos montes.

No caso de mangas, eu fiz isso quando estive numa fase muito ruim da vida e acabei desfazendo de muita coleção que eu havia conseguido (em lojas de segunda mão) e acabei mantendo um ou dois títulos. Já recuperada, voltei a adquirir outros títulos, mas agora somente do que realmente me interessa. Quem vê, pensa que eu tenho um monte de títulos, mas se eu for enumerar, são poucos - a maioria dos títulos tem dez a vinte volumes e tenho um que está em andamento e logo chega no 30o. volume. Agora, revistas... (eu tiro o assunto que eu quero e o resto vai pra reciclagem)

3. Estudando: Nem vou tocar mais nesse assunto, porque até mesmo quando eu estava trabalhando em ritmo normal, tirava umas horinhas para estudar, né? O mesmo está valendo para as traduções, num projeto que estava com uma colega de trabalho, mas devido a mudança dela para outra cidade, ficou meio parado e, eu preciso voltar urgente.

4. Culinária: Não que eu não saiba cozinhar, mas era meio falta de tempo e ainda por cima o ânimo estava sumido. Chegava o final de semana e eu queria distância da cozinha. Pois bem, nestes dias desenterrei algumas receitas e testei. Como ninguém em casa foi desta pra melhor, então tudo bem.

5. J-Doramas: Era para eu dar uma boa adiantada ou pegar algum no aleatório e assistir, já que ficar em casa é uma boa. O que acontece? Acabo assistindo alguns da temporada atual. Como tenho até o dia 6 de maio, então vou tentar assistir alguns (muitos!) que andei gravando em DVD em tempo real ao mesmo tempo que acompanho as desta temporada.


6. Trabalhos manuais: Estou tentando terminar um amineko até hoje, mas espero terminar logo. Conheço pessoas que fazem em dois dias. Mesmo tendo casa e filhos pra cuidar.

Tudo isso, estou tentando fazer, organizando meu tempo, tentando ao máximo, não sair pela tangente, especialmente as refeições. E sei que muita gente vai me criticar, dizendo que eu só consigo fazer isso porque não tenho filhos, porque estou tendo folga remunerada e integral, porque sou privilegiada, essas coisas. Não tivemos filhos por opção, se não tivermos folga remunerada, a empresa ficará na lista negra (e no caso, é uma grande empresa) e eu sou privilegiada, onde?!?

#fiqueemcasa

Comments

  1. Olá Kiyomi, uns 10 anos atrás acompanhava o teu blog e novamente encontrei... o nome era Yokohama, eu acompanhava doramas, SMAP..., sobre a pandemia, no Brasil as pessoas não tem muito espírito de colaborar, pensar no bem da comunidade... a cada semana parece que a situação está piorando, com os relatos de falta de leitos em hospitais, pessoal da saúde adoecendo... muito triste...e parece que a pandemia no Japão está mais suave...
    mas vamos nos manter firmes que um dia tudo isso vai passar...

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