Aizuchi (相槌)

"Aizuchi" são interjeições frequentes que o ouvinte fala enquanto o interlocutor fala, para indicar que está prestando atenção na conversa. Exemplos mais frequentes: "ee~", "sou desu ne" "un, u~n", "sou desu ka", "majide?", "maji?", "hontou ni?", "honma?".

Sabe quando tem uma reunião ou até mesmo uma conversa informal e logo a gente está soltando uns "hum-hum" e ainda acena com a cabeça para dar mais ênfase na interjeição? Pois é.

Eu achava que esse tipo de interjeição fosse meio rude para os padrões aqui, mas pelo que andei lendo em muitos artigos, não, pois seria uma forma de indicar que o ouvinte realmente estaria prestando atenção, mas não significa que entendeu tudo. E livrando a barra dos estrangeiros, que acham que falar "hum-hum" seria somente típico deles, podem respirar aliviados, que japonês usa muito aizuchi e dá para perceber nos programas de TV, por exemplo (os famosos "sou desu ne", "sou desuka", "majide?"). Quem assiste muito anime e lê muito manga, pode perceber o quanto se emprega largamente o aizuchi.

Mas nem precisa assistir muito programa de TV, bastava reparar numa conversa cotidiana. Agora, se a pessoa entendeu, aí fica por sua conta.

Embora eu também eu faça [muito] o uso de aizuchi no meu cotidiano, até mesmo nas reuniões de trabalho, para falar a verdade eu nem sabia que essas interjeições que mencionei se chamavam no japonês "aizuchi", e para completar, nem nos cursos de japonês, explicam isso. A não ser que você pergunte, mas ninguém nunca perguntou e nem eu fui querer saber, e nem sabia que existia esse tipo de linguagem.

No site do prtimes, descobri que até existem formas diferentes de aizuchi conforme ambiente de trabalho e grau de tratamento...

Mas tem que tomar cuidado no uso do aizuchi para não tornar uma situação séria em uma situação beirando ao constrangimento, gerando até alvo de piada interna.

Por exemplo: recentemente no Twitter, a palavra "aizuchi" (nas formas de kanji 相槌 ou 相づち) trendou muito na última semana de abril, quando na Fuji Television, começou a passar o programa de variedades "Kanjani Eight Chronicle F", às segundas-feiras, onze da noite, em rede nacional. Logo no primeiro dia da estréia do programa, já começando zoando até o nome, na parte das fichas dos membros, eis o que aconteceu:


Ao abrir as pastas contendo detalhes pessoais de cada um dos membros (nome, data de nascimento, local de nascimento, tipo sanguíneo, característica no grupo, instrumento musical - sim, o Kanjani Eito é mais banda que grupo -, e detalhes coletados), na hora de verem o profile do You Yokoyama, o Tadayoshi Okura notou um detalhe bem abaixo: "Gravação da reunião" e com o arquivo em anexo.

Daí ele lembrou: "ah, na reunião para definir o novo formato do programa saiu um monte de "ununun" infinito!" E como tinha até prova concreta, resolveram conferir...


Isso porque logo nos dois segundos da gravação, todo mundo já começava a rir. Imaginem quando chegou no modo infinito.


Quando já era a segunda vez que repetia, pois Yokoyama não estava acreditando (achava que isso foi editado). Imaginem a reação de todo mundo, inclusive ele próprio.


Yasuda e Maruyama literalmente rachando de tanto rir. A situação tomou tamanhas proporções que todo mundo chorava de tanto que ria do aizuchi do colega na gravação.


Para quem quiser saber desse episódio, procurem no YT ou algum site. Foi o primeiro episódio do grupo, no dia 27 de abril. Um dos motivos do programa logo de cara ter sido assunto principal no Twitter, foi justamente essa cena, que todo mundo rachou o bico de tanto rir (dos staffs do programa até o próprio Yokoyama).

Pior que não era mentira - os próprios membros do grupo confirmaram que o Yokoyama exagera muito - repete três ou quatro vezes "bom dia" e "até logo", e os "un-un" é algo normal para ele. (Sem falar em que ria e não parava mais no quadro "Dengon English", ou o "telefone sem fio em inglês" na versão anterior do Chronicle)

Quando assisti de novo o programa (eu tinha assistido em tempo real, e como a Fuji Television e demais emissoras disponibilizam o programa por uma semana em aplicativos como o dela mesma, o Fuji On Demand e o TVer, posso assistir até a entrada do programa novo, sem falar de outros programas de variedades, filmes, doramas passados e conteúdo exclusivo), ao mesmo tempo que eu não parava de rir porque realmente a situação beirou ao cômico (em se tratando do Kanjani, a gente espera tudo, até momentos de seriedade, fofura e paz plena), fui procurar saber o que significava aizuchi, já que nunca ouvi (e vi) essa palavra em toda a minha vida. 

Daquelas: usa e não sabe como se chama.

Seja como for, mesmo não sabendo a palavra, o fato de usarmos quase sempre as interjeições mencionadas na postagem, é uma forma normal de nos expressarmos que estamos prestando atenção (sei que a maioria das vezes a gente viaja um pouco na maionese, por isso é melhor depois levantar a mão e pedir para explicar de novo, caso não tenha entendido algo). No programa mencionado, o uso excessivo de aizuchi pode fazer com que o interlocutor não esteja conseguindo passar a mensagem que seria necessário (no caso era o novo formato do programa) e fica a dúvida se o ouvinte realmente estava prestando atenção.

Sempre o antigo ditado: tudo o que é em excesso...


Imagens:  prtimes (a que abre o texto); da autora - captions do programa "Kanjani Eight Chronicle F" (Fuji TV)



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