Sou Cringe sim, e daí?


Recentemente nas redes sociais, especialmente no Twitter, comentou-se muito sobre o que era cringe. Para falar a verdade, eu tive que buscar em alguns blogs e comentários o que isso significava, e não precisei me aprofundar muito, não. 


Mas sempre vai ser assim mesmo - uma geração vai sempre criticar a anterior. O que a geração Z está criticando o que os millennials fazem hoje, em breve vai surgir outra geração para criticar a atual. Imagine eu que sou da geração X (pessoas nascidas nos anos 60 e 70)...

Vergonha alheia ou cringe sempre vai existir em qualquer geração, e tampouco ligo para isso. Se a geração atual critica os millennials até o fato de gostar de um cafezinho, imagine o que falariam da minha geração.

Sei que eu não sou mais jovem, tenho meus deveres de adulto como quase todo mundo na minha faixa etária. Mas não significa que eu vou deixar de fazer as coisas que eu fazia desde minha adolescência, como ler livros, ouvir música, assistir filmes. No vídeo Aff the Hype que postaram neste blog aqui, ironiza as coisas que os millenials gostam mas que pra geração Z seria a chamada vergonha alheia ou cringe.

Sou da geração X, em que a tecnologia ainda engatinhava e ouvir música só via rádio, e comprava fita-cassete ou vinil (que ultimamente voltou à moda mais entre o pessoal duas gerações após a minha). Filme só no cinema e nem passava na TV. Fui saber o que era video-cassete nos anos 80 e nem todo mundo poderia ter.

Internet era discada e esperava dar meia-noite para continuar usando, porque pagava-se por minuto. Isso porque nem todo mundo podia ter um computador em casa. Telefone celular? Só quem podia pagar até pra receber ligações!

Hoje, se temos as facilidades da vida moderna, é porque tudo tem que evoluir. Claro que temos nosso lado nostálgico, como escrever cartas e assistir videoclipes no You Tube mesmo com dezenas de propagandas no meio. Não julgo ninguém por gostar de chá com leite com bolinhas de tapioca mesmo porque às vezes eu bebo. Ou gostar de artista tal, gênero tal. Ou gostar de coisa nostalgica, e por aí vai.

Na real, minha gente: o termo cringe só apareceu - principalmente nas redes sociais brasileiras - porque existem pessoas sem nada pra fazer e resolvem atazanar as gerações passadas que nesta altura do campeonato estão fazendo as coisas que gostam e não tão nem aí. Acho que, por eu morar tanto tempo no exterior e aqui, mesmo sendo coisa do passado, muita gente vai fundo na coisa. O que as gerações mais novas costumam mais fazer é encurtar frases nas mensagens, o que eu acho normal, porque eu também tenho uma preguiça de ficar escrevendo a palavra inteira no celular. 

Vou citar pelo menos três coisas que faço e que para a geração atual seria cringe mas não tô nem aí, e vou continuar fazendo:

Tomo café todo dia

Embora muitos anos atrás eu era bem pior (chegava a beber quase um litro de café quase todos os dias), atualmente eu dou minhas reguladas na bebida, mas pelo menos uma xícara de café recém passado não pode faltar em casa. Agora eu me pergunto, o que a geração atual vê nisso como cafona ou vergonha alheia? Garanto que esse pessoal vai bater ponto no café da sereia ou até mesmo no boteco da esquina e pede um pingado com a maior tranquilidade do mundo. Agora, se não gosta de café, aí é outra história, mas não venham dizendo que é cringe só porque não gosta da bebida.


Sapatilhas

Mesmo quando eu morava no Brasil, eu sofria horrores em achar um sapato que ficasse bem no meu pé - tenho pé gordo, o peito alto e agora tenho duas deformidades em ambos devido a mais de uma década usando sapato de salto alto. E quando acho, acabo comprando dois porque sei que vai ser difícil encontrar de novo. Especialmente sapatilhas, aqueles modelos estilo ballet shoes, ponta arredondada e lacinho de enfeite. E uso sem dó mesmo, porque vai com tudo - calça, saia, bermuda... Sem perder o conforto, claro.


J-Pop

Claro que gostar de qualquer gênero musical vai de cada um, desde que haja respeito por mais que o gênero seja pra lá de vergonhoso, mas se te faz feliz, então vai fundo mas respeita o meu. Desde a faculdade, quando conheci uns estagiários vindo de Nara, eu passei a ouvir mais música pop japonesa, mas piorou quando vim parar aqui. Eu ouço outros gêneros, claro, mas quem ver minha estante de CDs e minha playlist no aplicativo do meu celular, pelo menos 90% é recheado de música japonesa. Os outros 10% quem me conhece, sabe. 


Enfim, se as coisas que você faz, curte, gosta, te fazem feliz, não é preciso ficar esquentando a cabeça se isso é cringe ou não. Pode ter a certeza que essa onda vai passar rapidinho, tanto que no momento que estou escrevendo aqui, ninguém mais está nas redes sociais falando sobre esse movimento.

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