Apenas Sonhando

 


Ainda estou me perguntando como estou aguentando tanta coisa na minha vida e continuar inteira, porque se fosse outra pessoa, ou eu mesma se eu estivesse num psicológico ruim, obviamente não estaria postando agora (provavelmente eu estaria no hospital ou viajando pra esquecer do mundo).

Por mais que muita gente já me "aconselhou" tanta coisa, eu tenho que parar para respirar, pensar e ficar calma, porque fazer as coisas na pressa, no desespero e na raiva, não sai nada que preste. Sei que oportunidades vão e voltam, mas minha sanidade, só Deus sabe se ela volta de vez ou volta pela metade, por isso eu tenho que me segurar muito pra não usar meu réu primário.

Eu gosto daqui, temos um pouco mais de segurança para voltar para casa, consigo fazer boa parte das coisas que eu mais gosto (como ir a concertos, ir ao cinema, frequentar livrarias, etc), algo que era muito difícil de fazer quando morava no Brasil (distância e medo eram fatores que contribuiram muito naquela época). Mas todo lugar bom tem seu lado inverso, e todo mundo sabe que nada é 100% perfeito.

Muita gente já posta direto nas redes sociais as inúmeras dificuldades, perrengues e fatos negativos daqui e ali, tanto que procuro nem repetir o que muita gente posta porque já virou rotina na blogosfera em geral. Eu tento ver o lado bom e o quanto a gente tem que aproveitar enquanto estamos na terra, porque depois... E também agradeço muito por eu ainda ter saúde para enfrentar os monstros de todo o dia (tem gente que fala "matar um dragão por dia" mas eu não gosto muito de usar essa frase porque existem dragões bonzinhos e simpáticos, como o Banguela, namorido e o Inohara (porque os dois últimos são do ano do Dragão no horóscopo chinês)).

Eu sei também que eu tenho que cuidar muito da minha vida e ignorar o que os outros fazem ou deixaram de fazer. Mas têm situações que eu não consigo deixar passar batido e chegam até a ser injustos. Ou porque existem pessoas que adoram pegar no meu pé e abusar demais da minha boa vontade. Eis as desvantagens de ser uma pessoa muito "certinha" demais.

Sempre procurei passar boa impressão onde trabalhei, como fazer meu trabalho direitinho, evitar levar muita bronca dos superiores, mas não pra agradar nem ser "puxa-saco" (mesmo porque eu não consigo nem puxar aquela maldita fitinha vermelha da embalagem de biscoito Passatempo sem arrebentar a dita no meio do caminho). Mas em qualquer lugar sempre existirão pessoas que estragam o seu dia que pode ter começado errado e que poderia melhorar, mas acabam piorando. Aí você tem duas escolhas - ou mandar essas pessoas pro inferno e custar seu emprego ou ignorar sempre que possível.

E muitas vezes eu comentei sobre as "injustiças" que sofremos no trabalho. Existem situações que até podem soar banais para uns, mas para quem trabalha, é injusto. Sabe aquela lenda - "a regra é para todo mundo"? Pelo menos onde eu trabalho isso não funciona. Uns exemplos:

- Onde eu trabalho, não é aconselhável usar acessórios, como brincos, piercing nas orelhas, correntinhas, pulseiras e relógio de pulso, sob risco de riscar ou danificar a peça durante o manuseio, bem como o brinco pode cair dentro da peça. Volta e meia a gente é avisada sobre esses detalhes, mas quem disse que todo mundo respeita? Certo que às vezes a pessoa realmente esquece de tirar o acessório por força do hábito, mas tem gente que nem liga. Já aconteceu comigo de uma vez eu ter esquecido de tirar os brincos e levei o maior sermão, sendo que a pessoa ao lado estava também e nem falaram nada.

- Quando eu peço minhas folgas remuneradas, que eu tenho direito, parece que estou cometendo um crime de tanto interrogatório que recebo antes de me darem o formulário. Isso não foi somente comigo, mas também com um outro funcionário que pediu no dia seguinte ao meu e ele perguntou para mim se, toda vez que eu ia pedir o formulário, parecia sessão de interrogatório como nos keiji dorama. Só faltou a luminária na cara. Se for outra pessoa, atendem sorrindo.

- Recentemente pedi para me trocarem de seção por causa do trabalho - estou levantando muito peso demais, o que resulta na semana seguinte três dias de folga remunerada (aí acontece o que mencionei no item anterior). Vieram com a desculpa de que não tinha onde me relocar. Justamente no dia anterior, eu tinha recebido o resultado do teste do nível de estresse no trabalho, e somando tudo isso, acabei falando tudo o que devia e o que não devia e naquela altura do campeonato já estava pouco me lixando das consequências. Para mim NUNCA tem lugar, mas para as queridinhas dos staffs tem e muito, certo?

Um dos motivos porque eu ainda não me livrei desse fardo é que eu já fiz as coisas no desespero e o resultado foi pior ainda. Mas algumas pessoas já sabem do meu estado e evitam fazer algum comentário. Eu ainda estou fazendo a minha parte, porque não gosto de fazer mal-feito, mesmo porque eu me sentiria mal fazendo isso. Até mesmo quando eu vou fazer alguma postagem no Empório, muitas vezes a dita demora porque eu tenho que pesquisar em fontes confiáveis para não postar besteira. Acontece, mas depois eu corrijo.

Mas essas situações do cotidiano no trabalho podem acontecer com muita gente - que acabam ficando quietas. Eu procuro não levar muito a fundo nas redes sociais, mas recentemente acabei desabafando um pouco, seja em uma postagem no Instagram, ou no Twitter. Porque eu sei que existem pessoas que devem passar na mesma situação que eu, ou até pior. 

O que me salva para eu não cair no desespero são meus hobbies, como leitura, assistir aos j-doramas, filmes, ouvir músicas dos meus ídolos, assistir aos concertos que estão nos streamings (tem um concerto que até hoje digo que é o concerto do bolo e da vela aka "Love and Life Summer Concert"). Só tenho que tomar cuidado quando assistir filmes, não pegar filme pesado quando estou num estado ruim...

Nessas alturas do campeonato, vão me perguntar por que estou postando isso e/ou por que eu não crio vergonha na cara e vou procurar algo melhor. Primeiro, como cansei de falar - não quero fazer as coisas no desespero porque sei que vou me estrepar e feio, já fiz isso e o resultado foi um desastre. Segundo, eu sei que existem pessoas na mesma situação - se não piores -, e quero mostrar um pouco que nem tudo é 100% perfeito, mas isso não significa que eu quero desanimar as pessoas, muito pelo contrário. Muitas vezes temos que passar por muitas situações espinhosas para que nos valorizemos e que tenhamos mais força para conseguirmos alcançar o que realmente queremos. Existem injustiças? Isso em qualquer lugar, não somente no ambiente de trabalho, mas no nosso cotidiano. Mas que temos que saber lidar com as indiferenças e aos poucos conquistar nosso lugar de forma justa e limpa.

Imagem: foto da autora em fevereiro de 2022, no terraço do prédio da PARCO em Matsumoto, Nagano.

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