Sou daquelas pessoas que se não tentar, nunca vai saber. Pelo menos na maioria das vezes, ainda mais no quesito comida (embora tenha algumas exceções, porque tem comida que não como só de sentir o cheiro, como nattou por exemplo).
Andei lendo alguns blogs em que as autoras caem nos baits de comida, ou seja, na foto ou no vídeo, parece ser facinho de fazer e delicioso de comer, mas na hora de fazer e de comer...
Admito que aqui o pessoal faz uma apresentação bonita de qualquer comida, dá muito trabalho, instagramável e tals, mas na hora de comer... sim, a maior decepção da vida, do bolso e do apetite. Falo isso, porque eu também já caí no conto das comidas apresentáveis que vi na internet e fui conferir ao vivo.
Claro que gosto nunca se discutiu, nem falo mais nada de gente que adora comer nattou aka soja fermentada, ou consegue mastigar coentro como se estivesse no paraíso. Ou que detesta queijo porque não suporta nem o cheiro. Mas a verdade é que a gente cai direitinho no caso de comidas com aparência de gostosa mas na hora de comer...
Como mencionei, eu caio no conto de comidas apresentáveis, como já não bastassem as bebidas sazonais. A seguir, algumas comidas que eu já tentei digerir, mas confesso que não desce nem com água. Mas pelo menos eu tentei, então nem me julguem achando que eu nunca comi mas foi ódio pela primeira vista.
1. Soja fermentada aka Nattou: Se tem coisa que eu odeio quando me perguntam se eu consigo comer comida japonesa e logo o complemento "até nattou?", mais conhecida como soja fermentada. E quando respondo que não, não como nattou nem que falassem que me daria 200 anos de vida, fazem uma cara de espanto do tipo MAS COMO VOCÊ NÃO COME ISSO. ENTÃO VOCÊ NÃO COME COMIDA JAPONESA e outras coisas mais. Se a pessoa pesquisasse mais, até existem japoneses que não curtem nattou, e dependendo da região, nem faz parte do cotidiano, tal como era a família do meu pai, que era do sul do Japão. Eu bem que tentei, mas o cheiro acaba com meu apetite e nem disfarçando com shouyu vai resolver. Nem era pela consistência, senão nunca comeria quiabo na minha vida e eu gosto de quiabo.
2. Grapefruit ou toranja: Nem comia quando estava no Brasil, porque era uma fruta que nem chegava onde eu morava. Chego aqui e essa fruta tem tudo o quanto é supermercado, juro. Experimentei e achei mais azeda do que chupar limão. Por mais que seja bom para fazer a digestão quando exagera na comida, especialmente quando vai em um yakiniku buffet, eu ainda prefiro abacaxi ou laranja ou os dois mesmo, mas desculpem, grapefruit não caiu no meu gosto e o duro que quando vem essa fruta na salada quando compro, eu tenho que comer, porque namorido não pode comer por questões médicas.
3. Kimchi: existem alguns pratos da culinária coreana que eu consigo comer desde que não enfiem kimchi no meio. Eu tenho problema com comida muito apimentada demais, tanto que curry indiano eu tenho que pedir sempre com o menor grau de ardência por motivos colaterais que não pega bem eu comentar aqui. No caso de comida coreana, confesso que comi muito pouco, um dos meus favoritos é bulgogi, por causa do molho adocicado e gergelim, ou dak-galbi que vai queijo e nem é tão apimentado. Mas botou kimchi no meio, tenho que comer acompanhado com uma jarra de um litro de água e arcar com os efeitos colaterais. Nem dá pra comparar com acarajé ou tacos o nível de ardência.
Resumindo: se eu morasse na Coréia, acabaria comendo pratos com kimchi na força do ódio, eu acho, e olha que eu costumo dizer que, se estiver em algum lugar diferente, tente comer alguma coisa que não tem onde você mora...
4. Pumpernickel: Experimentei para ver se conseguia diminuir minha ingestão de pães e resultou que se arrependimento matasse... O duro é que tenho que fazer um esforço enorme para comer tudo, porque o pacote veio seis fatias prensadas e namorido nem teve a coragem de comer. E outra: mesmo tendo pago bem mais barato por aí, eu que não jogo comida fora, né.
Daí eu me pergunto se aquele pão escuro que servem no Outback's seria uma variante mais macia do pumpernickel ou seria exclusivo da rede mesmo ou nada a ver que estou escrevendo aqui...
5. Crepe: Doce que dificilmente eu como, e não pago 500 ienes pra comer uma massa entupida de chantili. Aqui vende em tudo o quanto é lugar, Harajuku é o point da turma, a cada dez metros tem um quiosque disso. Quando eu como, é quando vou em yakiniku buffet, onde tem a parte de sobremesas, e muita gente faz crepe lá mesmo, tanto que tem todos os ingredientes para fazer o seu, ou no Sweets Paradise, um lugar onde você come bolo e doces à vontade por, no máximo, duas horas. Mas isso não quer dizer que nunca comi crepe nesses quiosques ou locais próprios, muito pelo contrário: quando trabalhava em Tóquio, tinha final de expediente que eu parava num desses lugares e pedia algum que tivesse muito morango. Acho que por isso que depois enjoei.
Um dia farei uma postagem de comidas que eu nem sentia o cheiro mas não comia, e hoje tornaram-se pratos prediletos da autora aqui, porque eu não sei se é o fato de eu morar tanto tempo no exterior ou porque a idade chega, e a gente passa a comer alimentos que, quando jovem nem queria experimentar um bocado.
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