Mudanças são bem-vindas, mas depende que tipo de mudança é (Parte 1)

Imagem meramente ilustrativa (fonte aqui)

Costumo ouvir muito o podcast do Otaku no Kissaten, formado por gente daqui mesmo que são otakus de anime, games, mangas e cosplays, mas são pessoas iguais a nós, mas que gostam do mundo que acabei de mencionar. Em um dos episódios, um dos membros, que morava em Fukuoka, na região Kyushu, bem ao sul do Japão (mais um pouco, ele poderia dar uma esticadinha em Okinawa), resolveu mudar para a capital, aka Tóquio, por diversos motivos, inclusive trabalho. Como ele mesmo disse, mudança nunca é fácil em qualquer lugar do mundo, mas aqui é no level hardcore, e se for otaku e acumulador, então...

Quem me conhece, sabe que eu moro aqui completando um quarto de século. E claro, que nesse tempo, mudamos de casa algumas vezes (cinco vezes), e cada mudança que a gente fazia, tínhamos que jogar fora metade das coisas que tínhamos por diversos motivos, desde que a peça quebrou na hora de desmontar, até que o objeto já estava quebrado e sei lá porque a gente deixou guardado... Aí na casa nova, bora comprar o que não precisa. 

De janeiro a março deste ano, acabei fazendo alguns trabalhos temporários, já que a empresa anterior (que faliu) fez o favor de demorar quase três meses para enviar os documentos para que eu entrasse no seguro, ainda bem que eu tinha feito esses trabalhos, porque olha... 

No segundo mês do seguro, lembrei que a Pamu tinha acabado de chegar no Japão e ainda foi trabalhar no mesmo lugar que eu estive uns dez anos atrás!!! E como a gente estava mantendo contato mesmo compartilhando no Instagram, mandei uma DM e depois de tudo acertado, veio a parte do desespero.

Sim, mudança...

Sinceramente, se tem algo que eu detesto é fazer mudança, porque é uma dor de cabeça dos infernos. Envolve desde procurar caixas pra colocar as tralhas até a parte burocrática, que por sinal foi o que menos me deu trabalho.

É horrível fazer mudança, e quando você é otaku e acumulador, chega ao nível extra mega hard. Ainda mais que eu tenho um monte de manga, revistas, livros, CDs, DVDs, e outras coisas mais, porque roupa eu acabei desfazendo de muitas na limpeza de março. 

Esta seria minha sexta mudança (eu acho...) e mesmo assim tive muita coisa que desaprendi com elas... ou nunca aprendo, melhor dizer.

1. Se tem móvel e/ou eletrodoméstico que não presta mais, ou quebrou na hora de desmontar, não pense duas vezes pra jogar fora. Pois é, minhas estantes de livros e CDs e dois gaveteiros de plástico não aguentaram mais uma desmontada (a madeira rachou e as gavetas já estavam quebradas desde a primeira mudança que fiz, e não joguei fora porque fiquei procrastinando demais pra comprar outro e jogar fora o quebrado). Quanto aos eletrodomésticos, não me perguntem como consegui trazer uma TV de 50 polegadas e um forno microondas num carro pequeno que já estava lotado de outras coisas que não deu pra despachar na mudança.

2. Revistas: se for MUITO velha e quer desfazer, dificilmente lojas de livros e revistas usados aceitam. Tive muita Nikkei Woman que era de seis ou sete anos atrás e nem lembrava mais porque eu havia guardado, que foram pra doação em biblioteca porque essas lojas de segunda mão não quiseram nem de graça pra revender depois. Se for revista especializada em idols, junte e leve em lojas específicas para isso (no meu caso, eu quase nem comprava).

Agora, se o seu ídolo estiver na revista somente na capa e entrevista e olhe lá, vale o recurso que aprendi no Twitter com uma amiga que aprendeu por uma janiota: ferro de passar roupa, já que a maioria das revistas são presas por cola, passando o ferro quente com cuidado reforçado, as páginas descolam facinho.

3. Mangas: Desta vez eu não tive que desfazer, porque o que eu tive que vender por motivos de falta de planejamento financeiro, eu fiz (e agora estou tendo maior trabalho pra recuperar pelo menos dois títulos).

4. Roupas: como mencionei, eu havia feito a limpeza em março e muita roupa mandei pra doação ou para reciclagem (como as roupas da Uniqlo e GU, que possuem uma caixa para deixar a roupa que não vai usar mais para que a empresa reforme e passe para outras entidades). Praticamente trouxe quase tudo, mas acabei deixando dois parka de inverno com o namorido (que ainda vai ficar na casa por motivos trabalhistas), que irei buscar quando for feriado prolongado. 

5. Sempre falo, mas eu acabei esquecendo pela 6a. vez que faço mudança: escrever o quê tem em cada caixa, nem que seja um item que ao menos lembra o quê tem, ou numerar e anotar num papel à parte o conteúdo, porque eu fui colocando tudo no aleatório e agora eu tenho que abrir todas as caixas que chegaram na nova casa para procurar o que preciso. Para não dizer que não anotei na caixa o quê tinha, as que vieram comida e utensílios domésticos, como panelas, pratos, etc., eu marquei porque seriam as primeiras caixas que teria que abrir logo que eu chegasse. Ou quando as caixas chegassem.

Sobre empresa de transporte, acabei optando pelo serviço de mudança expressa, pelo menos o preço compensava na situação que me encontrava. Ainda bem que não fizeram restrição de peso, porque a maioria das minhas caixas pesava por volta de 20kg pra mais (só o livro "Anthology" dos Beatles, pesa pelo menos uns 5 ou 6kg, daqueles que, vira uma arma mortal se tacar na cabeça de alguém). Mas no fundo, eu deveria ter pesquisado mais e ter chamado alguém com um caminhão de 2 toneladas e tacado quase tudo o que fosse possível o que tinha na casa, talvez saísse mais caro, mas não ficaria a sensação de que esqueci algo, o que agora está acontecendo (do tipo, esqueci mesmo do ferro de passar roupa).

E como eu tenho carro, acabamos por colocar tudo o que dava para colocar nele e encarar mais de 300 quilômetros de distância, numa viagem que durou sete horas (contando três paradas de uma hora cada, porque dirigir na expressa num carro pequeno de baixa cilindrada, somente os fortes conseguem). Mas isso ficará pra uma postagem posterior.

Acho que agora entendo um pouco mais porque os japoneses odeiam mudanças, porque realmente dá um trabalho desgraçado, leva tempo, dinheiro e só kamisama sabe se vai ficar no lugar por muito tempo (se bem que, no meu caso, o tempo mais longo que morei no mesmo lugar foram quase nove anos bem vividos em Yokohama, mas é que eu tive que sair de lá por motivos de força maior mesmo, e depois foram sete anos em Inazawa por causa do trabalho, mas se não fosse essa transferência, eu estaria até hoje em Kisarazu, mas não exatamente ainda no mesmo trabalho).

Sobre o trabalho que dá fazer mudança e os perrengues que a gente passa, ouçam o podcast do Otaku no Kissaten no episódio de "Perrengue Otaku ~ O dia em que eu me mudei", que o Daisuke conta a aventura que foi mudar de Fukuoka para Tóquio, ainda mais que eu acho que ele é mais acumulador otaku do que eu.

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