Silly Love Songs

"Algumas pessoas querem encher o mundo com canções tolas de amor/ e o que tem de errado nisso?"

Muitas vezes eu chego a questionar sobre my way of lifestyle aqui no Japão, isso porque já bati um quarto de século vivendo aqui. Mas por que eu estaria comentando agora?

Pode ser que eu havia postado algo parecido em alguma encarnação deste Empório, e como pode ter sido faz muito tempo, então vamos lá: um tempinho atrás, no IG, um intercambista que veio parar aqui, postou (nos stories) sobre os brasileiros que vivem aqui e o tipo de vida que levam. Só que a pessoa foi bem sucinta (pra eu não dizer, curta e grossa) dizendo que os brasileiros vêm para cá fazer trabalhos que os japoneses não fazem, por isso prefere mais vir como intercambista do que vir com visto de trabalho (não sei como é o tempo de duração de visto para quem vem através de intercâmbio, porque isso ninguém costuma comentar, mas visto de trabalho, além de ter que provar descendência - até 3a. geração por enquanto - tem que ter carta de garantia de trabalho e mais não lembro que documentação, muita coisa deve ter mudado e muito, de 25 anos pra cá, mas a duração do visto depende muito - de um a três anos, e renovável desde que esteja trabalhando e não ter feito nenhuma c*gada).

Tá, cada um vem da forma que mais convém, mas que não critique quem vem para cá trabalhar em alguma fábrica qualquer, porque cada um tem uma história bem diferente para contar. Eu já ouvi cada história, que, o mais insensível diria que é exagero ou digno de dramalhão de folhetim, mas como eu já presenciei a maioria delas em minha família, eu sei muito bem como é.

Certo que não temos filhos, mas trabalhamos para pagar as contas e garantir nossa sanidade. Como disse, cada caso, é um caso, não dá pra generalizar. A gente vai ser criticado pela própria comunidade por isso e aquilo? Ultimamente estou mandando essas críticas às favas. Criticar e apontar o dedo porque a gente faz uma viagem, vai comer em algum lugar diferente, compra uma roupa nova, um livro novo, vai ao cinema, concerto, whatever, vocês servem, mas pagar minhas contas ninguém quer, né?

Mas ultimamente nem tanto a comunidade nos julga por pegar um final de semana e fazer alguma atividade diferente, ou até mesmo depois do expediente, ir ao cinema, comer alguma coisa diferente, ir em alguma exposição, concerto, fazer alguma atividade do bairro (como artesanato e culinária, por exemplo). Pelo menos, quem eu sigo e quem me segue, faz coisas bem diferentes, como doces e bolos diferenciados, costura e artes manuais, participa de eventos de cosplay e doujinshi (digo ter sua banquinha pra vender mesmo, não somente ir e prestigira o artista, como eu faço), vai em concertos, peças teatrais, festivais. Conheço gente que vai até assistir a jogos de baseball e já tem até cartão de membro do fã-clube oficial (sério, acho que só conheço UMA pessoa).

Quem julga é gente "de fora", como andei vendo nos SNS da vida. Ou gente que acha que tem "status" maior que o nosso, vem como turista ou como intercambista e, claro, o modo de vida é completamente diferente do nosso que vive há muito mais tempo, inclusive pessoas que já "fincaram" raízes com direito a casa própria e até trabalho autônomo.

Claro que não estou generalizando o pessoal que vem e fica por tempo bem limitado, porque conheci muita gente que veio assim e respeita (e até admira) nosso modo de vida. Mas tem gente que, sei lá, parece que nasceu para reclamar e criticar. E esse tipo de crítica, machuca qualquer um.

Nessas horas eu fico me questionando porque ainda sigo... bora fazer nova limpeza.

Tudo bem, cada um também pensa e fala da forma que quiser, mas que depois arque com as consequências. Da mesma forma que tenho postagens em que exponho meu ponto de vista sobre alguma coisa e sei que vai ter gente que vai discordar, é normal, desde que seja de forma civilizada. O que ultimamente, vou te falar...

Eu não expus meu ponto de vista para a pessoa, porque sei que vai dar muita confusão, e fora a questão de generation gap, então deixei pra lá e que a pessoa ganhe visualizações e comentários para seu deleite próprio. Só não garanto nada se recebeu biscoito estragado (*risada maléfica*)

Se bem que no fundo, no fundo, eu bem que eu queria dar o meu ponto de vista, mesmo que doa para o lado da pessoa também. Por outro lado, melhor é evitar confusão, e bem provável que a pessoa possa me chamar de velha, idosa, obtusa pra baixo (e não sou tudo isso assim).

Que seja. Infelizmente existem pessoas que não procuram saber mais sobre a comunidade, que existem pessoas e pessoas com diferentes modos de vida aqui. Da mesma forma que existem pessoas que preferem ficar na rotina casa-trabalho-casa, existem outras que preferem aproveitar a vida enquanto tem. Que saem completamente da rotina, que sabem que a vida não é somente trabalho, que existem outras coisas boas para se fazer, inclusive aprender a língua do país onde está vivendo. Ué, não tem gente que foi para a Europa ou Estados Unidos ou Canadá, ou qualquer lugar fora do Brasil, e está se virando como pode, inclusive gente que não sabia um "a" da língua do país onde foi parar?

Não digo que postagens que a gente faz tentando explicar, justificar, se defender possam ajudar em algo. Daí lembrei de um post aqui, sobre blog e temas polêmicos. Do tipo, do jeito que as coisas andam, parece que, se a gente jogar água fora da bacia, é cancelado.

Se "no meu tempo" ter opinião diferente dos outros gerava ou uma acalorada discussão ou era ridicularizada até a enésima geração, hoje em dia, você é automaticamente cancelada. Isso quando o pessoal não resolve descontar toda a sua raiva em cima, fazer hate post, e tudo o mais.

Mas tudo bem, com o tempo eu cheguei a conclusão que, embora eu esteja aos poucos superando o "dramalhão de folhetim" que é "ninguém liga pra mim", ao mesmo tempo fico muito decepcionada com pessoas que no passado foram próximas, hoje agem de forma, digamos, depreciativa. Na hora eu fico mesmo chateada, mas passa um tempo acabo transformando isso em postagem, assim como fiz agora, numa forma de tentar extravasar a tristeza e decepção que senti na hora, mas depois sinto que o negócio é deixar pra lá e seguir em frente.

*A frase que abre a postagem, é um trecho da música "Silly Love Songs", de Paul McCartney, na fase Wings, em que muita gente criticava ele por compôr muita música de amor meloso, e a música foi uma forma de fazer essa gente calar a boca.


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