Monocromática ( mas com algumas cores...)

Sim, como todo mundo, já tive a fase de usar roupas espalhafatosas, da moda do momento. Cheguei a usar camisetas herdadas dos primos mais velhos, roupas feitas em casa através das revistas de corte-e-costura. Já usei os fru-frus da Pakalolo (aqueles elásticos de malha coloridos, quem tem mais ou menos minha idade, lembra), os arquinhos (pra muita gente, tiara) dessa marca, usei calça "santo-peito", tive tênis All-Star e usava camisetas ou da TKTS ou da BR-111 (confesso que tenho as camisetas até hoje, brancas e imaculadas, graças ao poder do sabão em pó...).
O tempo passa e comecei a pensar um pouco melhor no que usava. Principalmente quando você sai da faculdade e começa a procurar um emprego melhor. Apesar de eu ter trabalhado três anos como programadora de sistemas e dando suporte aos usuários em uma empresa, ir vestida de tailleur não era obrigatório, somente quando eu fosse para a capital fazer os cursos que precisasse.
Quando vim para cá, mais bem que passei usar mais os jeans, e fazer bom proveito das minhas inúmeras camisetas, pois o uso do uniforme fazia mais presença. Isso era bem mais do que óbvio. Por baixo do jaleco, usava minhas camisetas e calça jeans. Tive uma que até rasgou de tanto que eu usava para trabalhar. Uma pena, pois a única marca que me servia era também uma das mais caras. Hoje a dita marca não me entra mais, sabe quando a idade chega e algumas partes do seu corpo começam a aumentar? Pois bem...
Depois de quatro anos entre circuitos integrados e pó de toner de copiadoras, mudei radicalmente de emprego. Aqui, estrangeiro para trabalhar em um escritório, só se tiver um bom Q.I. (quem indica) e um bom domínio de língua estrangeira. Experiência anterior, fica meio difícil, pois 90% do pessoal estrangeiro aqui, chega para trabalhar em fábricas ou indústrias. A não ser que você veio com bolsa de estudos e consegue depois um emprego melhor.
Convidada por um conhecido meu a vir trabalhar em um escritório, confesso que gelei na hora das entrevistas e testes. Como teria chance se faziam quatro anos que estava longe de qualquer rotina de escritório? Minha conversação em língua japonesa ainda até hoje capenga por mais que eu me esforce estudando (mas eu não desisto), e sou tímida demais. Não parece mas eu sou, depois explico.
Foi daí que meu guarda-roupa acabou por ganhar camisas sociais, calças e alguns paletós (custam caro pacas!). Saias e blusas também começaram a fazer parte no espaço (diminuto) do local. Resumindo: quem me conhece há mais de quatro anos, só me vêem de calça jeans e camiseta só nos dias de folga. Mesmo assim, é muito raro.
Por trabalhar na área metropolitana de Tóquio, passei a usar calça social, sapato de salto e camisa branca ( tá, algumas rosas, azuis e listradinhas) para ir trabalhar. De vez em quando alguma camiseta branca com quase nada de estampa.
Confesso: sou mão-fechada, mas quando se trata de alguma roupa tem horas que a tentação é maior que a vontade de economizar. E pior: acabo comprando roupas "de marca", mas que duram, duram. Não adianta comprar "de baciada" se na primeira lavada, a roupa esgarça. Até então, costumava comprar as roupas da Benetton (a marca mais polêmica que conheci), mas comprava as mais discretas, como as camisas listradinhas que uso pra trabalhar.
Depois descobri a Mary Quant, a estilista inglesa, criadora da mini-saia. Só que como essa marca só trabalha com três ou quatro cores (branco, preto, cinza e rosa, muito raro), o negócio foi comprar algumas camisetas brancas com o símbolo da florzinha de cinco pétalas, trademark da loja.
Só pra esclarecer: quem abrir minha gaveta de camisetas, só vão encontrar camisetas... brancas! Ora, quer côr mais fácil de se combinar? Não fico quebrando a cabeça para decidir que vou usar hoje. Tudo bem, tenho algumas coloridas, mas as brancas dominam a área. O ruim é que só uso uma vez e vai pro cesto da lavanderia.
Minhas colegas comentam: "ô Iwa, você só usa camisa branca? Vamos pôr uma côr nisso!" Bem que tento, tenho algumas peças rosa, azul, até vermelho e laranja! Mas parece que o branco me atrai!!!
Recentemente, fui em uma outra loja em Yokohama. Acabei por levar duas camisetas pro outono, só pra garantir. Uma preta e uma branca.
Depois também descobri que loja - agnès b. - também tem o mesmo padrão da Mary - preto, branco e cinza...



Não preciso pensar duas vezes pra tirar uma peça dessas da gaveta...

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