Vergonha, vergonha, vergonha

Todo dia, ao ler os noticiários na TV ou via internet mesmo (porque os meus jornais favoritos do Brasil levam tempo pra chegar), fico indignada com a lamaceira que está na terrinha onde nasci. Claro que a gente não pode fechar os olhos e virar a cara e ficar alheio a tudo isso, mas tem horas que a gente fica se perguntando: "será que terá solução?" por mais que existem pessoas bem-intencionadas que estão dispostas a enfrentar tudo isso, mas acabam pagando com a vida. Literalmente.

Li vagamente uma manchete num jornal que acesso via internet sobre "apresentador e relógio", não entendi, aliás, passei meio batido, como mencionei, depois que comprei minha revista quinzenal (na verdade é semanal, mas como demoooooooora pra chegar aqui e via net só por assinatura), li a seção de cartas e logo acessei a home page da revista para ler a entrevista. Quem ler a entrevista do Luciano Huck vai entender o porquê.

Tem gente que vai dizer que só porque faz parte dos famosos, tinha mais que ficar calado. Mas a lei é para todos. Em resumo: a situação anda tão feia que ser honesto é crime.

O que também deixa a gente aqui envergonhada, é a crescente onda de criminalidade envolvendo nossos patrícios. Cada dia que acesso os jornais on line, mais dá vergonha de dizer que nasci no Brasil. Se a gente fala que é estrangeiro (sem ser americano ou europeu), muita gente fecha as portas, cria um monte de obstáculos e outros empecilhos mais. Agora, com muitos brasileiros aqui, roubando e matando, não tiro muito a razão dos japoneses ficarem com um pé atrás.

Uma das coisas que mais me deixam literalmente queimada de raiva é: 1) os japoneses generalizam muito: quando um faz, todos "pagam o pato"; 2) quando eles cometem algum crime envolvendo estrangeiros, parece que não acontece nada; 3) os brasileiros que cometem os crimes, parece que não têm o quê fazer na vida. Daí pra virarem notícia é um pulo.

Estava conversando com o primo do meu kinguio encantado recentemente, ele estava contando que, quando fazia treinamento para os recém-chegados do Brasil, explicava milhares de vezes que "o Japão é outro tipo de cultura, outro tipo de comportamento, existem regras a serem seguidas, e que somos estrangeiros na terra deles, portanto, devemos respeitar este país que lhe deram a chance de ter uma vida melhor". O resultado? Muita gente chamava ele de chato, careta e quadrado.

Existe um ditado que deveríamos levar à sério: "em Roma, faça como os romanos". Isto é, se estamos num lugar estranho, temos mais que nos habituar aos costumes locais. Respeitar as leis, pois existem países que até mascar um chiclete é motivo de cadeia. Pode achar estranho, mas é verdade. Ora, se até nossos antepassados que vieram com cara e coragem para o Brasil sem saber um "a" de português, mas que no final conseguiram ter sucesso na vida, e criar filhos e dar-lhes uma vida decente...

A verdade é uma só: a maioria que está aqui, vem pra ficar temporariamente, um ou dois anos. Mas acaba prolongando, prolongando, prolongando... Ou acabam se acostumando aqui ou acabam se desgostando. E quando se desgostam, acabam por voltar ou acabam por passar uma temporada na geladeira e depois voltar pra casa, de forma nada orgulhosa, digamos de passagem.

Cada vez que leio notícias da comunidade, me dá um sentimento de vergonha.

Porém não seria motivo da gente se acomodar e dizer pra muita gente que nem todos são iguais àqueles que aparecem no jornal por causa de um delito muito grave.

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