Mudanças são bem-vindas, mas depende que tipo de mudança é (Parte 2)

Foto meramente ilustrativa (fonte aqui)

Conforme relatado na postagem anterior, a gente pensa que fazer mudança é embalar tudo, resolver problemas burocráticos, chamar empresa de mudança, chegar no lar novo, receber as trocentas caixas, conferir se vieram todas e se chegaram inteiras, atualizar tudo nas repartições públicas e acabou, ledo engano.

Fazem quase duas semanas que me mudei e perguntem para mim se eu coloquei tudo em ordem? Já começa que nem prateleira nem estante eu tenho, porque duas estantes de livros que eu tinha, foram para o Clean Center da cidade onde eu estava, ou seja, foram tudo pro triturador, sério. E pra comprar tudo de novo vai levar um certo tempo, porque até receber o salário e o bônus...

No máximo foi colocar os pratos, panelas e comida debaixo da pia. Ainda bem que estava limpinho e ainda comprei um forro para proteger. E a roupa que empilhei no guarda-roupa (preciso comprar gaveteiros, pois só assim que eu consigo me organizar nas roupas e também em outras coisas). O resto, tenho que abrir as caixas pra descobrir o que tem, porque a esperta aqui esqueceu de ANOTAR numa folha à parte o conteúdo de cada uma, porque numerar e escrever que é conteúdo frágil.

Como me disseram, essas coisas têm que fazer aos poucos, ainda mais que comecei a trabalhar faz uma semana, então seria melhor eu esperar me estabilizar? (Pelo menos eu completar seis meses?)

Voltando a parte dois da mudança: como não bastasse mandar mais de 20 caixas pesando cerca de 20 quilos cada uma, mais duas sacolas enormes de roupas e o que deu pra colocar dentro delas, o restante que deu foi no meu carro, que até agora estou tentando processar a insana - mas necessária - idéia do namorido de colocar uma TV de 55 polegadas, um forno microondas, três acolchoados, futon, cobertor, quatro ou cinco caixas de nem eu lembro mais o que tinha, o notebook, e três sacolas com os documentos que tinham que ir comigo, num carro pequeno, e encarar 300 quilômetros de estrada, numa expressa (e quando chega em Shizuoka, torcer pro carro não ser levado pelo vento, porque aquela província venta pra caramba, daí o motivo de ter um monte de moinhos de vento, para gerar energia eólica). 

Sete horas de viagem com três paradas necessárias, pelo menos chegamos inteiros, exceto que a bateria do celular acabou quando estava na cidade e o carregador não estava dando conta, ou seja, vou ter que comprar outro carregador e outra bateria portátil. Exagero das sete horas de viagem? Dirijam um carro do tipo kei jidosha, que quando atinge 70 km/hora ele já começa a tremer todo, carregado e sempre na faixa da esquerda na expressa, numa distância da capital de São Paulo até Bauru, e depois me falam.

Quem me conhece, sabe que eu costumo dirigir ouvindo música, no iPod velho que tenho, e graças ao adaptador para o rádio via bluetooth, deu para ouvir até chegar ao destino. 

Acho que namorido deve ter decorado boa parte das músicas (especialmente "Cinderella Girl", que além de ter três repetidas de álbuns diferentes, acho que tocou várias vezes no modo random).

As paradas nos Service Area que existem nas expressas daqui são necessárias e de grande utilidade, desde banheiro até posto de gasolina. Um dos preferidos dos viajantes quando pega a expressa Tomei, é o de Ebina, porque além de ter muitos lugares para estacionar (se bem que isso é relativo, porque, como fui num sábado, onde tivesse lugar vazio, nem pensar duas vezes, já estaciona senão perde a vez), tem muitas lojas e lugares para comer, sério. 

Mas eu tenho um problema muito sério quando dirijo: descobri que eu fico completamente enjoada quando tomo café e vou dirigir, e isso foi coisa recente quando, por quatro meses, tive que ir de Inazawa a Komaki todos os dias, de carro, para trabalhar. Era tomar café e ir dirigindo, que eu passava mal. Tive a quem puxar ~ minha mãe também é esse tipo de pessoa. Então, nos Service Area, tive que me restringir em chá e água (no que resultava boas idas ao banheiro depois).

Ainda que eu tive a sorte de ir num tempo bom, embora tivesse pego um pouco de chuva em Yokohama, mas em Kisarazu, ainda bem que não choveu. Já deu trabalho a viagem, e descarregar a mudança debaixo de chuva, ninguém merece (e ainda bem que, quando vieram buscar a mudança, fez um tempo bom, porque no dia seguinte, caiu a maior chuva que fiquei com receio que no dia seguinte eu fosse dirigir debaixo dela).

A verdade é que certas mudanças são bem-vindas, como venho dizendo, como mudança de hábito, mudança de vida, mudança de emprego. Mas mudança de casa, esse sim, a gente precisa estar psicologicamente preparado para tudo, e por mais que a gente tenta ser organizado, acaba esquecendo de alguma coisa.

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