Ser um incômodo

Eu espero estar errada, mas percebi que em muitos momentos, minha presença parece não ser bem-vinda.

Quando pessoas que outrora entravam em contato até para perguntar se eu ainda estou viva, pararam até de dar bom dia, sinal que algo está errado... comigo. Daí eu tenho que parar por alguns minutos e ficar me perguntando, o que eu fiz de errado? Será que falei algo sem querer? Ou só pelo fato de eu existir já é sinônimo de incômodo para elas?

Sempre comentei aqui neste Empório que reconheço sim, muitas vezes eu sou uma pessoa irritante, que quer tentar fazer parte de algum círculo, mas acaba é ficando sozinha. Mas também eu não vou ficar perguntando para elas (porque a resposta vai ser do tipo, era melhor nem ter perguntado).

Motivos de fazerem as pessoas se afastarem de mim, são muitas, conforme nesta postagem aqui. Mas recentemente, eu tive um problema emocional muito forte que, para evitar que afetasse pessoas nada a ver com isso, acabei também me distanciando. É, não posso tirar a razão delas.

Além das "qualidades" que mencionei na postagem, eu tenho o agravante de eu não saber me expressar direito, e quando eu tento, acaba virando uma novela de tão longa que fica. Sem contar que muitas vezes repito o mesmo assunto, acho que pior que ouvir a mesma música duzentas vezes.

Por isso que eu não consigo mais me socializar, até mesmo nas redes [nada] sociais, eu fico no vácuo, quase ninguém interage, exceto algumas alminhas semiperdidas. Tanto que em postagens no Instagram, quase nem comento, exceto para dizer que é bonito e talz, mas fazer complemento - especialmente se for dorama ou filme -, não faço mais, sob o risco de ser chamada de "convencida que acha que sabe-tudo". Então é melhor deixar guardado para mim, por mais que a postagem esteja com muitos erros ou furos.

(Por isso que acabei criando o blog Nanimono.)

Mas também depois de levar diretas e indiretas, achei mesmo melhor eu ficar no meu canto, assistindo meus filmes e doramas, ler meus mangas, fazer meus rolês aleatórios sozinha mesmo. Se alguém me responder a um bom dia, já seria o suficiente, nem precisa mais puxar conversa (e nem eu fazer o mesmo). Do tipo, se perguntarem, eu respondo. Se ninguém falar nada, eu fico quieta.

Mesma coisa com pessoas que eu conhecia havia anos, resolvem dar um rolê aqui, chega a passar perto de onde moro e nem para perguntarem se eu teria um dia disponível. Para falar a verdade, acho que atualmente, somente UMA que veio do Brasil passear aqui, mandou mensagem para mim perguntando se eu estava com dia de folga e se dava pra marcar um café (e essa mesma pessoa voltou e perguntou se no feriadão estaria livre de novo).

Antes, eu chegava a contactar a pessoa perguntando se dava pra nos encontrarmos, mas recebi uma resposta tão atravessada que, depois dessa eu parei com isso. Teve outra vez que até que tentamos, mas os dias de folga de ninguém coincidiu, e no fim não deu nada certo. Então, se tal pessoa que outrora conheci veio aqui pra passear, por mais que ela tenha ido num lugar perto de casa, nem vou dar mais ao trabalho de perguntar se daria para um café.

Se bem que existem coisas mais interessantes a fazer do que me encontrar, né.

Existem exceções, claro. Algumas pouquíssimas pessoas querem marcar um dia para encontrarmos e passar o tempo conversando mesmo sendo coisas bestas, aleatórias, mas são pessoas que sei que querem manter contato mesmo com o tempo corrido e distância pior ainda. E desculpem caso eu estive na região e nem deu pra entrar em contato, estava com compromisso, mas espero conseguir ter um dia só pra isso...

E nessas horas eu acabo lembrando de um trecho da música "We Can Work It Out" dos Beatles - "A vida é muito curta/ e não temos tempo para discórdia e briga..."

Não desejo nada de mal para essas pessoas, eu quero apenas que continuem com a vida que possuem e me deixem seguir a minha. Somente isso, já que no ponto de vista delas, eu seria apenas um nada a ser ignorado.

Na verdade, muitas vezes é melhor eu estar sozinha, ao menos ninguém ficará reclamando de que minha companhia só incomoda.

(Ou eu largar mão de ficar esquentando a cabeça com essas coisas e segue o rumo. Não estou pedindo, mendigando, implorando para ser aceita em um grupo qualquer, mas é a impressão que muitas vezes eu tenho.)

Foto: da autora, quando foi para Tóquio em outro rolê aleatório sozinha.