Dez Doramas e Filmes com a temática LGBTQIA+


Postagem especial para o mês do Orgulho LGBTQIA+. Se tiver preconceito com o assunto, melhor se atualizar e largar de ser preconceituoso idiota.

Eu havia feito postagem especial no ano passado, mas foram somente quatro que eu mencionei porque justamente foram os que eu tinha assistido naquela época, porque depois aumentou um pouco. 

Filmes e doramas com o tema felizmente estão aparecendo bastante, mesmo sendo em horários meio ingratos e nem são transmitidos em todo o país, mas felizmente aqui no Japão tem o aplicativo TVer que dá pra assistir o último episódio por uma semana até entrar o novo, se bobear, eles disponibilizam tudo (senão tem que pagar o aplicativo da emissora), quando não muito aos poucos estão colocando no prime video e Netflix (orem para que seja a nível internacional...), ou em último caso, os fansubs que fazem de forma voluntária e gratuita, bastando se cadastrar desde que obedeçam as regras.

A seguir, dez doramas e filmes com o tema que eu andei assistindo, e se quiserem assistir, vai por sua conta e risco, porque não indico nada, imagine dar minha opinião que nunca foi válida mesmo (alguns deles fiz resenha mas como faz tempo que fiz e na época eu não tinha estabelecido um padrão, republicarei, outros estarei devendo como sempre).

1. "Close-Knit ~ Karera ga Honki de Amu Toki wa" (2016): Dirigido por Naoko Ogigami e premiado com o Teddy Award, prêmio especial destinado para filmes com tema LGBTQIA+ no Festival Internacional de Cinema em Berlim, é a história de Tomo (Rinka Kakihara), uma garota de 11 anos neglicenciada pela mãe e vai morar com o tio Makio (Kenta Kiritani), que tem uma companheira transgênero, Rinko (Toma Ikuta). O filme foca no relacionamento da menina com uma família tida como "inconvencional", mas Rinko - que nasceu menino mas sofrendo de identidade sexual, tornou-se mulher - trata a menina como se fosse sua própria filha. Embora Rinko tenha uma vida normal com seu companheiro e trabalhando como helper em uma casa de repouso para idosos, seu cotidiano é marcado com preconceito e julgamento pela sua condição. Para descarregar sua raiva, ela tricota. Além do tema de negligência familiar e preconceito, também são abordados temas como aceitação, transformação, tentativa de acabar com a própria vida, injustiça social. Nada de cenas explícitas, acho que as mais "pesadas" seriam os julgamentos de Naomi (Eiko Koike) e Hiromi (Mimura) em cima de Rinko e a tentativa de overdose de remédios que Kai (Kaito Komie) acaba cometendo.

2. "Midnight Swan" (2020): Dirigido e escrito por Eiji Uchida, é a história de uma transgênero Nagisa (Tsuyoshi Kusanagi) que trabalha em uma casa noturna para obter dinheiro e assim fazer sua operação de mudança de sexo. Repentinamente, uma parente distante, Ichika (Misaki Hattori) aparece em sua casa depois de ter tido um grande desentendimento com sua mãe Saori (Asami Mizukawa). A convivência entre Nagisa e Ichika no começo é frio, mas aos poucos acabam estreitando os laços. 

Houve quem comparasse "Midnight Swan" com "Close-Knit" (o filme que mencionei acima) por causa de várias similaridades - abandono familiar, personagem transgênero, preconceito, aceitação. Mas tem muita diferença - se em "Close-Knit" a protagonista Rinko tem um trabalho normal e tem um companheiro, em "Midnight Swan" seria a dificuldade de transgêneros serem aceitos no mercado de trabalho sem envolver vida noturna e trabalho sexual; menções de assédio sexual; a não-aceitação da mãe da protagonista pela sua identidade; tragédia consumada.

O filme ganhou pelo menos dois prêmios principais no 44o. Nihon Academy - melhor filme e melhor ator principal.

3. "Restart wa Tadaima no Ato de" (2020): A história de Mitsuomi Kozuka (Yuki Furukawa), um jovem que volta para a casa dos pais no interior de Nagano depois de ter sido demitido de seu último emprego em Tóquio, e de Yamato Kumai (Ryo Ryusei), um jovem criado por um velho agricultor, mostra que não somente o amor entre eles surge de forma espontânea e pura, como ambos procuram fazer as pazes com o passado, viver o presente e pensar no futuro.

O filme baseado no manga BL do mesmo nome, e só foi possível através de doações organizado pela agência HoriPro, a mesma que Furukawa faz parte. É um filme simples com locações no interior de Nagano (Chikuma e Ueda) e mostra que o relacionamento entre Mitsuomi e Yamato acontece de forma normal, espontânea e pura.

4. "Metamorphose no Engawa" ("BL Metamorphosis", 2022): Baseado no manga do mesmo nome de Kaori Tsurutani, é a história da amizade de Yuki Ichinoi (Nobuko Miyamoto) uma viuva de 75 anos que por curiosidade acaba lendo um manga BL (Boys Love) com Urara Sayama (Mana Ashida) uma colegial de 17 anos que trabalha numa livraria que Yuki frequenta, e não tem amigos por ser fujoshi (mulher que consome conteúdo BL). Independente da diferença de idade entre elas, o que mais importou além dos interesses em comum, era também sobre a vida.

Embora não tenha cenas reais de BL (eram somente as ilustrações que estavam no manga que Yuki e Urara liam), o ponto principal era que nunca é tarde para conhecer algo novo, nunca é tarde para tomar algumas decisões e fazer o que gosta.

5."Kasa o Motenai Aritachi wa" (2016): Jun Hashimoto (Renn Kiriyama) é um escritor com bloqueio criativo, tem o desafio feito por seu responsável da editora para que escrevesse uma história de amor, gênero que não estava familiarizado. Uma noite, seu amigo de infância, Keisuke Murata (Shigeaki Kato) aparece em sua casa para ajudar nas idéias para o romance, já que gostava dos contos de Hashimoto, e ficou lembrando dos eventos do passado.

O dorama é uma adaptação do livro do mesmo nome de Shigeaki Kato (membro do grupo idol NEWS), e ganhou notoriedade entre a comunidade LGBTQIA+ por causa do conto "Nibemonaku, Yorubemonaku", devido a um dos protagonistas, Keisuke, gostar de seu veterano no colégio e este ter-se apaixonado por outro, e tanto Keisuke como Jun ficaram com os sentimentos completamente misturados. E também pelo fato - na época - Kato e seu colega Keiichiro Koyama terem um programa na TV na madrugada onde interagiam com as minorias.

6. "One Room Angel" (2023): Sem perspectivas nenhuma para o futuro, um homem na casa dos trinta (Shouhei Uesugi) que trabalhava em uma loja de conveniência acaba sendo esfaqueado por causa de seu atendimento, e acaba vendo um anjo (Takuya Nishimura) vindo em sua direção. O homem sobrevive e ao voltar para casa, encontra o tal anjo esperando por ele, só que não lembra de nada. A estranha convivência de um homem que procura um emprego e de um anjo sem memória.

Baseado no manga do mesmo nome da mangaka Harada (conhecida no meio BL como a mangaka "problemática" dado ao conteúdo de suas histórias), a história é curta, melancólica mas com momentos felizes. Não tem nenhuma cena de amor ou algo mais, mas o amor entre rapazes é subliminar quando o menino, antes de se tornar um anjo, era interesse amoroso de um colega de classe. Mas aviso que a história em algumas partes é bem pesada.

7. "More Than Words" (2022): Makio Senoo (Yuzu Aoi) e Mieko Takagi (Ryoko Fujino) são amigos desde o primário e estudam juntos no colegial. Os dois resolvem trabalhar em um pequeno restaurante por meio período até que conhecem Eiji Fukunaga (Daisuke Nakagawa), um estudante universitário que também trabalhava lá. Os três passam a sairem juntos, até que um dia, Eiji diz gostar de Makio.

A série - que está no prime video - foi baseada em dois mangas da autora Etsuko: "More Than Words" e "In The Apartment". A primeira, foi publicada em uma revista shoujo muito embora tenha muitos elementos BL, e a segunda em uma revista BL, a Ihr Hertz. O enredo traz romance BL, mas não da forma que a gente estaria acostumado - envolve além da amizade, claro, o conflito sobre a opção sexual e problemas com a família e a escolha do futuro, isso de uma forma bem angst, uma das características da autora. A parte onde Makio reencontra seu colega da época dos primeiros anos do primário, Asato Sugimoto (Daiki Kanechika), está no manga "In The Apartment".

8. "Cherry Mahou - 30-sai made doutei dato Mahou Tsukai ni narerurashi?" (2020): Kiyoshi Adachi (Eiji Akaso), um salaryman com experiência amorosa e sexual zero, ao completar 30 anos, ganha o dom de conseguir ler as mentes das pessoas ao tocá-las. Um dia, acaba descobrindo que seu colega de trabalho, Yuichi Kurosawa (Keita Machida) gosta dele. Com isso, ao mesmo tempo que Adachi tem que lidar com os sentimentos de Kurosawa, tem que reconhecer que ele também o valoriza.

Baseado no manga do mesmo nome da autora Yuu Toyota, "Cherry Maho" (ou "Cherry Magic") tornou-se popular devido a versão dorama tendo como protagonistas Eiji Akaso e Keita Machida, na época, ambos já eram bem conhecidos no meio artístico. Teve o filme e recentemente a versão anime. O filme teve boa arrecadação de bilheteria na época do lançamento e a autora doou parte da renda dos direitos autorais para Marriage for All Japan, uma entidade que é a favor do casamento do mesmo sexo no Japão.

9. "Egoist" (2022): Kosuke Saito (Ryohei Suzuki) é um editor de revista de moda que se envolve com seu personal trainner, Ryuta Nakamura (Hio Miyazawa). Os dois acabam descobrindo o significado e descoberta do amor universal, em que incluem além do amor, sacrifícios e vida.

Baseado no livro autobiográfico do mesmo nome de Makoto Takayama, "Egoist" é sobre a vida como um homossexual perante a sociedade atual. Tanto o autor como o diretor mostram que o termo "egoísta" não é um termo ruim - que as pessoas podem gostar e ajudar as outras mesmo com seu ego, mesmo sendo homossexuais. 

10. "Chubo no Alice" (2024): Alice Yaemori (Mugi Kadowaki) é uma jovem que possui espectro de autismo, mas sabe muito bem química e faz o uso de seus conhecimentos para fazer os pratos num pequeno restaurante que ela mesma administra, de acordo com a saúde e condição física dos clientes. Conta com a ajuda de sua amiga de infância, Kazusa Mitsuzawa (Atsuko Maeda) no atendimento e durante as crises que Alice ocasionalmente tem. Seu pai, Shingo Yaemori (Nao Omori) é pesquisador de uma universidade e abertamente homossexual. Mas Alice tem um passado misterioso, que começa a ser desvendado no momento que contrata um rapaz que atende a um anúncio de emprego, Kousei Sakae (Ren Nagase).

Transmitido nas noites de domingo na temporada de inverno de 2024, o dorama aborda diversos tópicos, como autismo, homossexualismo, preconceito,  família, disputa pelo poder. O dorama teve ajuda de especialistas nas áreas de autismo, culinária, direito, química, LGBTQIA+ (o diretor é abertamente homossexual e divulga sobre os direitos das minorias).

Eu sei que tem muito mais, como havia comentado logo no começo da postagem. Algumas emissoras chegam a ter uma grade de horário especialmente para temáticas BL, mas outras emissoras chegam a transmitir em horário nobre. Existem filmes com o tema com conteúdo mais explícito, mas uma boa parte prefere focar mais no cotidiano (vide "Kinou Nani Tabeta"), porque afinal, todos nós somos seres humanos, que vivem no mesmo planeta, trabalhamos, estudamos, temos uma série de emoções, independente do gênero ou não.

*Eu sei que estou devendo e muito resenhas de filmes e doramas que andei assistindo, mas estou tentando botar as coisas nos eixos porque ultimamente ando muito sem inspiração para fazer postagens...

Imagens: Kadokawa, TV Tokyo, Nikkatsu, Toho, MBS, prime video.

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